Produção industrial sobe 0,8% em agosto, após quatro meses seguidos sem crescimento, aponta IBGE

Foto: José Paulo Lacerda/Agência CNI

“A parcela da indústria mais sensível ao elevado nível de juros, por sua vez, segue restringida. Bens de capital caíram novamente em ago/25 (-1,4%) e bens de consumo duráveis estão próximos de zero (+0,6%)”, alerta Iedi

A produção industrial brasileira cresceu 0,8% em agosto deste ano, após quatro meses consecutivos de “comportamento predominantemente negativo”, intervalo que acumulou perda de 1,2%, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta sexta-feira (3). 

Em relação a agosto de 2024, a produção industrial recuou -0,7%. Agosto de 2025 teve 21 dias úteis, o que corresponde a 1 dia a menos que igual mês do ano anterior. Ainda que exista essa diferença, os números da indústria de um ano para o outro não deixam de ser alarmantes. Foram constatadas taxas negativas em 3 das 4 grandes categorias econômicas, 15 dos 25 ramos, 53 dos 80 grupos e 56,8% dos 789 produtos pesquisados. 

Com os resultados, a produção industrial nacional está 14,4% abaixo do seu nível recorde, alcançado em maio de 2011. 

Em agosto, impactada pela alta taxa de juros (Selic) do Banco Central (BC), a produção de bens de capital recuou 1,4% no mês, intensificando a perda verificada no mês anterior (-0,2%). Frente a 2024, o segmento registrou uma queda de 5,0%, sendo a terceira taxa negativa consecutiva e a mais elevada desde março de 2024 (-10,6%).  

“A parcela da indústria mais sensível ao elevado nível de juros, por sua vez, segue restringida. Bens de capital caíram novamente em ago/25 (-1,4%) e bens de consumo duráveis estão próximos de zero (+0,6%)”, alerta o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). “A despeito da boa notícia, ago/25 também não conseguiu recompor integralmente as perdas dos meses anteriores. Já descontados os efeitos sazonais, o nível de produção ainda está -0,4% abaixo daquele de mar/25”. 

De um ano para o outro, a produção de bens de capital para equipamentos de transporte caiu -10,2% e para fins industriais reduziu -4,1%, “pressionados, em grande parte, pela menor produção de caminhão-trator para reboques e semirreboques, embarcações para o transporte de pessoas ou cargas, caminhões, veículos para o transporte de mercadorias e reboques e semirreboques”, afirma o IBGE.  

Em relação ao ano passado, também assinalaram quedas significativas: bens de capital seriados (-4,5%) e não-seriados (-0,4%); e energia elétrica (-0,7%). 

Já a produção de bens intermediários, que representa cerca de 55% da indústria, cresceu 1% em agosto, após ficar praticamente estagnada nos três meses anteriores (maio, alta de 0,1%; junho, alta de 0,1%; e julho cresceu 0,2%).  

Ante agosto de 2024, bens intermediários cresceu 2%. O resultado foi puxado, principalmente, pelos avanços nos produtos associados às atividades de indústrias extrativas (4,8%), de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (3,5%), de produtos alimentícios (3,4%), de veículos automotores, reboques e carrocerias (4,6%), de celulose, papel e produtos de papel (6,4%), de produtos têxteis (10,5%) e de máquinas e equipamentos (0,5%). 

Por sua vez, a produção de bens duráveis subiu 0,6% e de bens semiduráveis e não duráveis variou em alta de 0,9% na passagem de julho para a agosto.  

No entanto, bens de consumo semi e não duráveis apontou o maior resultado negativo na comparação com agosto de 2024, queda de 5,1% – a quinta taxa negativa consecutiva neste tipo de comparação – influenciada pelos desempenhos de carburantes (-13,5%), semiduráveis (-8,8%), alimentos e bebidas elaborados para consumo doméstico (-2,2%) e alimentos e bebidas básicos para consumo doméstico (-4,3%). 

Por sua vez, a produção de bens de consumo duráveis declinou -4,0%, intensificando a perda registrada no mês anterior (-3,4%) e marcou a queda mais elevada desde maio de 2024 (-10,5%). O segmento industrial vem sendo pressionado, em grande medida, pela menor fabricação de eletrodomésticos da “linha marrom” (-21,8%), automóveis (-3,1%), eletrodomésticos da “linha branca” (-8,7%) e móveis (-6,2%). 

Em agosto, as indústrias de transformação (principal ramo da indústria brasileira) viram a sua produção crescer 0,6%, após queda de -0,1% em julho. Desde abril deste ano, o ramo não apesentava um crescimento significativo em sua produção (abril, -1%; em maio, -0,5%; junho, +0,1%, e julho, -0,1%). 

Por outro lado, a produção pelas indústrias extrativas recuou 0,3% em agosto, depois da alta de 1,3% em julho. 

Além da indústria extrativa, outras oito atividades apontaram queda na produção: produtos químicos (-1,6%), exerceu o principal impacto na média da indústria; máquinas e equipamentos (-2,2%); produtos de madeira (-8,6%); e artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (-3,6%).  

Do lado das taxas positivas, destacam-se: produtos farmoquímicos e farmacêuticos (13,4%); coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (1,8%); produtos alimentícios (1,3%); impressão e reprodução de gravações (26,8%); de veículos automotores, reboques e carrocerias (1,8%); produtos diversos (5,8%); outros equipamentos de transporte (4,4%); e bebidas (1,7%). 

Compartilhe

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *