“O nível de produção de mai/21 permaneceu 3,1% abaixo daquele de dez/20 e ficou exatamente no mesmo patamar de fev/20, isto é, do pré-pandemia de Covid-19. Ou seja, por ora, 2021 em nada contribuiu para a recuperação industrial”, diz o Iedi
Após três quedas seguidas, a produção industrial nacional cresceu 1,4% em maio frente a abril, na série com ajuste sazonal, segundo divulgou o IBGE nesta sexta-feira (2). O resultado de maio não compensou os 4,7% de perda acumulada nos três meses anteriores.
“Com o resultado de maio, a indústria chega ao mesmo patamar de fevereiro de 2020, no cenário pré-pandemia. Apesar do avanço,o setor ainda se encontra 16,7% abaixo do nível recorde, registrado em maio de 2011”, diz o IBGE.
Para o Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), foi a primeira alta no ano, já que o mês de janeiro “houve uma virtual estabilidade”.
“O nível de produção de mai/21 permaneceu 3,1% abaixo daquele de dez/20 e ficou exatamente no mesmo patamar de fev/20, isto é, do pré-pandemia de Covid-19. Ou seja, por ora, 2021 em nada contribuiu para a recuperação industrial”, ressaltou o Iedi.
Das quatro grandes categorias econômicas, na passagem de abril para maio, duas ficaram no vermelho: bens de consumo duráveis (-2,4%) e bens intermediários (-0,6%) . O primeiro marca a sexta queda seguida, acumulando perda de 16,2% no período. Já o segundo, reduziu a intensidade de queda frente a abril (-1,1%). Os setores de bens de consumo semi e não-duráveis (3,6%) e bens de capital (1,3%) assinalaram as taxas positivas de maio, com a primeira interrompendo três meses de queda, com redução acumulada de 11,4%; e a segunda acumulando 4,3%, após dois meses de crescimento.
Bens de consumo duráveis encontra-se 14,5% abaixo do período pré-pandemia
O Iedi chama atenção para a sequência de recuos que bens de consumo duráveis vêm apresentando. “Não há um mês sequer de crescimento desde nov/20 na série com ajuste. Isto é, não há recuperação para esta parcela da indústria desde final do ano passado. Com isso, seu nível de produção de mai/21 encontra-se 16% abaixo de dez/20 e 14,5% abaixo do pré-pandemia. Sinal positivo ocorre apenas em comparação com o mesmo período do ano anterior, dada a base muito deprimida de comparação (+149,4% ante mai/20)”.
Bens intermediários em 2021 ou perdeu produção ou ficou estagnado
“Outro macrossetor com dificuldades é o de bens intermediários, que em 2021 ou perdeu produção ou ficou estagnado”, destacou o Iedi. “Agora em mai/21 registrou -0,6%, ficando 2,2% aquém do nível de dez/20. Os dados mostram que este comportamento tem sido muito distinto do de mai-set/20, um período de retomada persistente mês após mês, que levou o setor a superar o pré-pandemia”.
Entre os ramos pesquisados, pouco mais da metade cresceu
Entre os ramos pesquisados pelo IBGE, pouco mais da metade, 15 dos 26, registrou crescimento, “com destaque para aqueles que permanecem em um patamar muito distante do pré-pandemia, como vestuário e calçados, indústria extrativa, metalurgia e derivados de petróleo, com influência positiva da retomada da economia mundial, além de alimentos, bebidas e produtos farmacêuticos”, destacou o instituto da indústria.
Segundo o IBGE, entre as atividades, as influências positivas mais importantes vieram de produtos alimentícios (2,9%), em alta após a queda de 3,2% no mês anterior; pelo de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (3,0%), que eliminou parte da perda de 10,0% registrada em abril, e por indústrias extrativas (2,0%), com o terceiro mês seguido de crescimento, acumulando expansão de 10,0% no período.
Outras contribuições positivas importantes vieram de metalurgia (3,2%), de outros produtos químicos (2,9%), de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (8,0%), de bebidas (2,9%) e de confecção de artigos do vestuário e acessórios (6,2%).
Entre as dez atividades em queda, os principais impactos negativos foram de produtos de borracha e de material plástico (-3,8%), que acumula perda de 10,5% em três meses seguidos de queda; máquinas e equipamentos (-1,8%), que eliminou parte da expansão de 2,2% registrada em abril, e produtos têxteis (-6,1%), que acumula perda de 26,5% em cinco meses seguidos de quedas.
“Com a reedição do auxílio emergencial e com o avanço da vacinação no Brasil e em outras partes do mundo, o que vem reaquecendo o comércio global, a alta de mai/21 sinaliza para um retorno mais difundido do crescimento industrial. O ano de 2021 para a indústria pode estar começando só agora. Mas que fique claro que há riscos novos também, como a crise hídrica, cujo efeito na inflação tende a corroer o poder de compra da população e aumentar os custos de produção”, avalia o Iedi.