Segundo tombo seguido no governo Bolsonaro
A produção industrial do país encerrou 2020 com um tombo de 4,5%, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na manhã desta terça-feira (2). Segundo a pesquisa, apesar de a produção ter conseguido recuperar a perda de 27,1% acumulada entre março e abril, auge da crise sanitária, o patamar de produção ficou 13,2% abaixo do nível de 2011. Foi o segundo ano consecutivo de queda, nos dois anos de governo Bolsonaro que Paulo Guedes dizia que a economia estava a todo vapor.
Além de um panorama das perdas dos meses da pandemia, o fato de este ter sido o segundo ano consecutivo de recuo (queda de -1,1 em 2019), coloca o setor em situação ainda mais dramática, diante do aumento do desemprego e da queda na renda do trabalhador, situação agravada pelo fim do auxílio emergencial que impediu uma queda ainda maior da economia em 2020.
De acordo com o IBGE, a queda no ano, frente a igual período do ano anterior, foi disseminada por todas as grandes categorias econômicas, 20 dos 26 ramos, 53 dos 79 grupos e 60,6% dos 805 produtos pesquisados. A produção de bens duráveis registrou recuo de -19,8% no ano, puxada pela queda na produção de veículos, que no ano amargou uma queda de 34,6%. A produção de bens de capital teve queda de -9,8%; bens de consumo, -8,9% e; bens intermediários, de -1,1%.
Produção de alimentos em queda
O dado de dezembro, apresentado com o fechamento do ano, mostra avanço de 0,9% da produção industrial em relação a novembro, que, apesar de ter sido o oitavo resultado positivo consecutivo, não conseguiu fazer com que o ano fosse melhor.
O IBGE destaca que no último trimestre do ano a indústria de alimentos recuou, movimento explicado pela redução à metade do auxílio emergencial em setembro. Em dezembro, a queda do segmento ante novembro foi de 4,4% – em novembro e outubro havia recuado, respectivamente, 3% e 4%.
“O que se observa nesse período é um movimento de perda para a indústria de alimentos. Isso afeta a parte de bens intermediários, que tem um peso relativamente importante no setor como um todo, o que acaba afetando o resultado para a indústria em geral”, apontou André Macedo, gerente da pesquisa.
A falta de medidas que pudessem minimizar o tombo do setor durante a pandemia se soma ao problema da demanda causada pelo desemprego recorde e o fim da renda emergencial.
Como os dados do final do ano já mostram a perspectiva futura para o setor produtivo depende da capacidade de geração de empregos e das medidas emergenciais, opinou Macedo antes da divulgação dos resultados de 2020.
Segundo André Macedo, até 2020, as medidas emergenciais conseguiram imprimir trajetória de recuperação no setor industrial. “Não tenho como fazer previsões do ano que se inicia, mas são dois fatores importantes (fim do auxílio emergencial e desemprego) para entender o comportamento futuro da indústria”, declarou.