No mês de junho, a produção industrial brasileira voltou a registrar queda, aponta a Sondagem Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
“O baixo consumo, o excesso de estoques e a difícil situação financeira das empresas atrapalham a retomada da atividade industrial”, afirma a confederação, em nota divulgada na segunda-feira (22).
De acordo com a CNI, na comparação com maio, o índice de evolução da produção da indústria ficou em 43,4 pontos, o menor para o mês dos últimos quatro anos, “superando somente os registrados em anos de crise mais aguda, em 2014 e 2015. Ou seja, a queda de junho de 2019 foi mais forte que a observada nos últimos anos”.
EXCESSO DE ESTOQUES
“Mais uma vez, a indústria aponta alta no nível de estoques. O índice de evolução dos estoques ficou em 51,1 pontos, mostrando novo aumento dos estoques – desde fevereiro o índice se mantém acima dos 50 pontos. O aumento dos estoques está sendo acompanhado pelo aumento do índice de nível de estoques efetivo-planejado, ou seja, há uma avaliação crescente de excesso dos estoques”, diz a Sondagem. “O índice vem aumentando desde janeiro, e atingiu 52,2 pontos em junho, alta de 0,6 ponto em relação a maio. É o maior índice desde maio de 2018 – quando ocorreu a paralisação dos transportes”.
EMPREGO RECUA
Segundo a CNI, o emprego industrial também recuou em junho. O índice de evolução do número de empregados ficou em 47,2 pontos em junho. “O valor é inferior ao registrado em junho nos dois últimos anos”.
A CNI destaca ainda que o nível de uso do parque fabril – a chamada Utilização da Capacidade Instalada (UCI) recuou para 66%. “O percentual é 5 pontos percentuais inferior à média para o mês, considerando o período entre 2011 e 2014, antes da crise recente”, informa a pesquisa. “Este é o pior nível do índice desde maio de 2018, quando ocorreu a paralisação dos caminhoneiros, ou, caso descontada essa ocorrência, desde abril de 2017”.
A pesquisa aponta ainda que a preocupação dos empresários com a falta de demanda não para de crescer.
De acordo com a CNI, a demanda interna insuficiente foi citada por 41,1% das empresas como um dos principais problemas enfrentados pelo setor no segundo trimestre deste ano. Esse resultado é “3 pontos maior que o registrado em junho de 2018 e 3,3 pontos superior à média histórica”, observa a pesquisa.
“A preocupação com a falta de demanda desestimula os empresários a aumentar a produção, fazer investimentos e criar empregos, o que dificulta ainda mais a recuperação da economia”, diz o economista da CNI Marcelo Azevedo, destacando que a demanda fraca é resultado do baixo nível de atividade e do elevado desemprego.
A Sondagem Industrial da CNI foi feita entre 1º e 11 de junho com 1.903 empresas. Dessas, 770 são pequenas, 695 são médias e 438 são de grande porte.