
Juros elevados encarecem crédito e reduzem investimentos e consumo das famílias, aponta analista da pesquisa
A produção industrial brasileira recuou -0,2%, na série com ajuste sazonal, em julho sobre o mês de junho deste ano, mês que não obteve crescimento (0% – dado revisado de -0,1%), acumulando uma perda de 1,5% desde abril. O desempenho refletiu a produção regional negativa de 7 dos 15 locais pesquisados. O levantamento regional foi divulgado nesta sexta-feira (12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
As quedas foram no Paraná (-2,7%), Bahia (-2,6%), Minas Gerais (-2,4%) e Pará (-2,1%), Mato Grosso (-1,6%), Região Nordeste (-1,1%) e Ceará (-0,3%). Os oito locais com resultado positivo foram registrados no Espírito Santo (3,1%), Rio Grande do Sul (1,4%), Santa Catarina (1,1%), Rio de Janeiro (1,0%), Pernambuco (0,9%), São Paulo (0,9%) e Goiás (0,5%). Amazonas teve variação nula (0,0%).
São Paulo, que responde por cerca de um terço da indústria nacional, foi a principal influência positiva, assinala o IBGE, mas ainda se encontra 0,4% abaixo do seu patamar pré-pandemia. A indústria paulista acumula queda de -1,9% de janeiro a julho. “Em julho, observamos que setor de alimentos, derivados do petróleo e veículos automotores influenciaram positivamente”, diz Bernardo Almeida, analista da pesquisa.
Os resultados da pesquisa estão em conformidade com a desaceleração da economia sob efeito dos elevados juros impostos pelo Banco Central, expresso, por exemplo, pela queda no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 1,3% no primeiro trimestre do ano para um crescimento muito menor (0,4%) no segundo trimestre.
“Juros altos acarretam diretamente no encarecimento do crédito, no comprometimento da tomada de decisões de investimento das empresas e de consumo das famílias. A consequência disso recai sobre a cadeia produtiva, que acaba arrefecendo a produção de forma a adequá-la a essa conjuntura atual”, declarou Almeida ao divulgar a pesquisa.
Paraná, Bahia, Minas Gerais e Pará registraram os maiores recuos, com o primeiro local interrompendo dois meses consecutivos de crescimento, período em que acumulou ganho de 1,8%; o segundo e o terceiro voltando a recuar, após avanços de 2,0% e 2,8%, respectivamente; e o último acumulando redução de 4,7% em dois meses seguidos de queda na produção.
De acordo com o IBGE, Minas Gerais exerceu a principal influência negativa no mês de julho, puxada pela queda na produção de Máquinas, aparelhos e materiais elétricos e Máquinas e equipamentos, seguido do Paraná, que também se destacou pela redução na produção de Máquinas, aparelhos e materiais elétricos.
Pelo lado do avanço na produção, o IBGE destaca os resultados da indústria do Rio de Janeiro e Espírito Santo. Os avanços nas produções do Espírito Santo e do Rio de Janeiro foram impulsionados pelo comportamento positivo nos setores de indústrias extrativas (óleos brutos de petróleo, gás natural e minérios de ferro pelotizados ou sinterizados), no primeiro local; e de indústrias extrativas (óleos brutos de petróleo e gás natural), no segundo.