Com aumento de 5,22% no mês de março, a nona seguida, o acumulado dos últimos 12 meses alcançou 28,58%. Só nos primeiros dois meses do ano, a alta é de 8,95%
A inflação da indústria disparou neste início de ano após ter batido recorde em 2020. De acordo com os dados divulgados nesta terça-feira (30) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice de Preços ao Produtor (IPP) atingiu 5,22% em fevereiro, a maior taxa da série histórica, iniciada em janeiro de 2014. Em janeiro, o índice foi de 3,55%.
Com a alta do mês passado, a nona seguida, o acumulado dos últimos 12 meses alcançou 28,58%. Só nos primeiros dois meses do ano, a alta é de 8,95%.
O cálculo do índice, chamado de inflação “da porta de fábrica” não inclui impostos e fretes e é um indicador de inflação que mede a variação nos preços recebidos pelos produtores nacionais de bens e serviços, da variação da perspectiva do vendedor. Ele abrange informações por grandes categorias econômicas, ou seja, bens de capital, bens intermediários e bens de consumo (duráveis e semiduráveis e não duráveis).
O IPP é formado pelo índice da indústria de transformação (23 setores) e o da indústria extrativa.
A paridade a preços internacionais dos produtos primários e a dependência de insumos importados que poderiam ser produzidos no país impactam diretamente na inflação da indústria, já que o dólar está nas alturas.
“O preço das commodities aumenta em moeda estrangeira e esse movimento é reforçado pela depreciação cambial, porque o preço desses produtos em reais fica ainda maior. Há também um efeito sobre os insumos. A indústria química é uma das influências mais importantes para o resultado do mês e sua alta de preços está muito associada ao aumento nos custos de matérias-primas importadas. Nas indústrias extrativas, há o efeito direto dos preços internacionais em produtos que têm impacto em toda a cadeia produtiva”, explica Câmara.
Da alta verificada, o IBGE cita os problemas de abastecimento de arroz, escoados para a exportação, além dos preços atrelados aos internacionais do óleo bruto de petróleo, por exemplo.
A alta no acumulado do ano de 2021, movimento parecido que o observado no ano passado, reflete, principalmente, a elevação de preços das indústrias extrativas (27,91%), de refino de petróleo e produtos de álcool (12,12%), de outros produtos químicos (9,69%) e de metalurgia (8,35%).
São os mesmos setores que exerceram as maiores influências no resultado agregado: indústrias extrativas (1,66 p.p.), refino de petróleo e produtos de álcool (1,04 p.p.), outros produtos químicos (0,79 p.p.) e metalurgia (0,56 p.p.).
A alta nos preços dos produtos industriais na porta de fábrica em fevereiro foi decorrente de avanços em 23 das 24 atividades pesquisadas.
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