Produtores de algodão rejeitam ato golpista e defendem a democracia

Júlio César Buzato, presidente da Abrapa. Foto: Reprodução

Duas entidades de produtores de algodão, a Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa) e a Associação Mato-grossense de Produtores de Algodão (Ampa), divulgaram uma nota defendendo “integralmente o Estado Democrático de Direito e as instituições que garantem a segurança jurídica em nossa democracia”.

“Somos contrários a todo e qualquer ataque que tente enfraquecer nossa Constituição Federal ou os Poderes que a defendem”, afirmaram os produtores de algodão.

Para a categoria, “a atuação independente e harmônica entre os Poderes é a base que mantém a Nação rumo à prosperidade e avanços sociais e econômicos”.

A nota foi lançada depois da polêmica envolvendo o cantor e ex-deputado federal Sérgio Reis, que gravou um áudio junto com produtores rurais ameaçando um golpe de estado no dia 7 de setembro. Na gravação, o cantor ameaça o Supremo Tribunal Federal (STF).

“Se em 30 dias não tirarem os caras, nós vamos invadir, quebrar tudo e tirar os caras na marra. Pronto. É assim que vai ser. E a coisa tá séria”, disse Sérgio Reis.

Ele diz, ainda, que haveria uma mobilização dos caminhoneiros para dar o golpe e que chegou a se reunir com Jair Bolsonaro e militares da Aeronáutica, Exército e Marinha para conversar sobre isso.

O presidente do Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Carga (CNTRC), Plínio Dias, desmentiu o cantor. “A gente desconhece as pessoas que estão do lado dele. Sérgio Reis não representa nem os artistas, quanto mais os caminhoneiros”, disse.

ARTISTAS REJEITAM GOLPE

O cantor Renato Teixeira, que tem parceria com Sérgio Reis em dezenas de músicas, criticou a atitude do músico. “A democracia é um bem conquistado a duras penas. A música é uma arte democrática. Portanto, jamais usarei o meu prestígio para tentar usurpar o nosso sistema democrático”, afirmou.

Teixeira e Reis já gravaram os álbuns Amizade Sincera I e II juntos.

Guttemberg Nery Guarabyra Filho, da dupla Sá e Guarabyra, disse que está “profundamente decepcionado com a atitude do Sérgio em ameaçar a normalidade constitucional para fazer valer seus pontos de vista, desprezando o debate leal e democrático”.

“Pregar a paralisação do país para obrigar o Senado a fechar o Supremo, vai além do rocambolesco”, avaliou.

Sérgio Reis “perigosamente estimula aventureiros déspotas a agredir, além do que já vem sendo agredido, o Estado de Direito no Brasil. Em suma, a atitude de Sérgio é absolutamente abjeta, arbitrária e irresponsável”.

Guarabyra tinha recebido um convite para gravar um álbum com Sérgio Reis e estava faltando apenas inserir sua voz e a de seu parceiro, Luiz Sá. Depois da mensagem de Sérgio Reis, a dupla recusou a participação no álbum.

DEPRESSÃO

Por conta da repercussão negativa da gravação, a esposa de Sérgio Reis, Angela Bavini, disse que ele começou a passar mal e ter uma crise de diabetes. “Ele está muito triste e depressivo porque foi mal interpretado. Ele quer apenas ajudar a população. Está magoado demais”, relatou.

Em entrevista ao site Congresso em Foco, Sérgio Reis se vitimizou e disse que não é “puxa-saco de Bolsonaro”.

“Querem me massacrar. Já estou tendo prejuízo. Cancelaram quatro shows e dois comerciais que ia fazer agora. Tiraram do ar um que faço para um supermercado de Curitiba. Vão tirar por um mês do ar e esperar para ver o que acontece”, contou.

Disse que defende a democracia e que “não há necessidade” de uma intervenção militar, como prega Bolsonaro e os bolsonaristas. Ele admite que é apoiador, mas que não é “puxa-saco do Bolsonaro”.

“Eu errei mesmo, errei muito. Não devia ter falado, porque as pessoas pensam… Falei com um amigo. Ele postou num grupinho. Um amigo da onça. É da vida. Estão me ameaçando, pensando que estou com medo. Mas não me escondi. Estou aqui em casa, não agredi ninguém. Arco com minha responsabilidade”, disse.

Leia a nota conjunta das entidades:

Nota à Imprensa

A Associação Brasileira de Produtores de Algodão (ABRAPA) e a Associação Mato-grossense de Produtores de Algodão (AMPA) apoiam integralmente o Estado Democrático de Direito e as Instituições que garantem a segurança jurídica em nossa Democracia.

A atuação independente e harmônica entre os Poderes é a base que mantém a Nação rumo à prosperidade e avanços sociais e econômicos.

Somos contrários a todo e qualquer ataque que tente enfraquecer nossa Constituição Federal ou os Poderes que a defendem.

Júlio César Buzato                                     Paulo Sérgio Aguiar

Presidente da Abrapa                                     Presidente da Ampa

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