Ele fez a piadinha nas redes sociais no trágico dia em que o Brasil bateu a marca de mil mortos em 24h
Os produtores de refrigerantes repudiaram a chacota de Bolsonaro envolvendo o popular refrigerante Tubaína.
Bolsonaro fez a zombaria nas redes sociais no trágico dia em que o Brasil bateu a marca de mil mortos em 24h.
“Quem é de direita toma cloroquina, quem é de esquerda toma… Tubaína”, disse Bolsonaro com uma risadinha durante uma entrevista online.
https://afrebras.org.br/content/uploads/2020/05/YQ7tzVP6qZ8Vb1zV.mp4?_=1
A Associação dos Fabricantes de Refrigerantes do Brasil (Afrebras) divulgou nota na quarta-feira (20) para repudiar a “piada de mau gosto” de Bolsonaro. “Afrebras repudia piada de mau gosto de Bolsonaro com tubaína”.
“A Afrebras (Associação dos Fabricantes de Refrigerantes do Brasil) repudia a infeliz declaração do presidente Jair Bolsonaro dizendo que ‘quem é de direta toma cloroquina; quem é de esquerda, tubaína’, no mesmo dia em que o país registrou, pela primeira vez, mais de mil mortes por coronavírus em 24 horas”, diz a nota postada no site da entidade.
“A entidade defende que o governo, em vez de politizar o uso do medicamento, deve acabar com as regalias fiscais milionárias concedidas a multinacionais de bebidas na Zona Franca de Manaus, para amenizar o momento de crise econômica agravada pela pandemia no país!”.
“Afrebras representa mais de 100 indústrias de bebidas regionais no Brasil, entre as quais os produtores de tubaína. Boa parte das fábricas regionais está se mobilizando para fazer doações de alimentos e álcool em gel a comunidades pobres para tentar diminuir os impactos da crise. A entidade destaca que vários hospitais ou leitos de hospitais de campanha poderiam ser construídos com o dinheiro da farra de benefícios fiscais”, continua a entidade.
O presidente da Afrebras, Fernando Rodrigues de Bairros, pede que Bolsonaro revogue o Decreto 10.254/2020. “Com essa medida, o governo federal permite dobrar, de junho a novembro, o valor do crédito tributário de 4% para 8% sobre o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) pago por multinacionais de bebidas, como Coca-Cola, Ambev e Heineken. Há denúncias de que até a publicidade dessas corporações de bebidas é paga com dinheiro público”, denuncia.
“Se o presidente Bolsonaro, de fato, se preocupa com o Brasil, agora é a hora de acabar de vez com a concessão de benefícios fiscais para multinacionais na Zona Franca de Manaus e reverter o dinheiro para o combate ao coronavírus”, afirma Bairros, citando a Coca-Cola, Ambev e Heineken como beneficiárias da mamata.
“A revogação do decreto poderá representar uma economia de quase R$ 2 bilhões aos cofres públicos”, destacou o presidente da Alfebras.
Na terça-feira (19), o Ministério da Saúde registrou 1.179 mortes em decorrência do coronavírus em 1 dia. O maior número registrado antes desse era de 881 mortes, uma semana antes, no dia 12. Com isso, o país alcançou o número de 17.971 mortes. Na segunda-feira (18), eram 16.792.
Em suas redes sociais, Bolsonaro anunciou um novo protocolo do Ministério da Saúde para o uso da cloroquina. “Uma esperança, como relatado por muitos que a usaram”, disse Bolsonaro sobre o remédio que não tem eficácia comprovada e é reprovada por várias instituições médicas.
A discordância sobre o uso indiscriminado do remédio fez ex-ministro da Saúde, Nelson Teich, deixar o governo. Foi o segundo ministro que deixou o governo em menos de um mês.
Após a repercussão indignada na imprensa e das pessoas, um dia depois, Bolsonaro disse também nas redes sociais que “lamentava” as mortes de coronavírus no país. “Dias difíceis. Lamentamos os que nos deixaram”, disse ele.
Mas a verdade é que Bolsonaro tem tomado atitudes de desprezo e descaso com a pandemia e não liga para as milhares de mortes.
Sabendo do grave perigo da Covid-19, ele tem sabotado a quarentena e instigado a população a se expor ao contágio e a sair às ruas para trabalhar.
No início da pandemia no Brasil, disse que o coronavírus era uma “gripezinha” e um “resfriadinho”.
Em abril, quando o país atingiu a triste marca de 5 mil mortos pelo vírus e foi questionado por isso, ele respondeu acintosamente: “E daí?”.
Quando atingimos quase 11 mil mortes por coronavírus, no dia 9 de maio, o presidente foi passear de jet ski no lago Paranoá, em Brasília, e voltou a zombar das mortes, dizendo que o vírus “é uma neurose”.
Durante a semana, convocou um churrasco para aquele mesmo dia, sábado 9, no Palácio da Alvorada. Voltou atrás diante da repulsa que causou.
É assim que ele “lamenta”.