Ataque ao professor Hayward da Universidade de Edimburgo se deu depois que ele declarou que o bombardeio ao teatro em Mariupol foi por integrantes do Batalhão Azov e não por forças russas
O professor da Universidade de Edimburgo, Tim Hayward, está sendo perseguido depois de denunciar que elementos do neonazi Batalhão Azov são os prováveis responsáveis pela explosão de um teatro na cidade de Mariupol.
Desde a mídia da Grã Bretanha até o secretário de Educação, Nadhim Zahawi, iniciaram uma campanha de difamação e ameaças contra o professor que no domingo compartilhou um artigo do Grayzone, um jornal progressista, citando testemunhas na cidade localizada no Donbass e ocupada pelas forças fascistas ucranianas.
Bastou isso para que o secretário de Educação lhe prometesse uma “repressão severa” contra tais “pensamentos errôneos”.
No domingo (20), o professor citou artigo que aponta grupos ucranianos do Batalhão Azov teriam se escondido atrás de civis no teatro de Mariupol, mas que depois explodiram o edifício assim que as forças russas entraram na cidade.
Os mercenários do Batalhão Azov e jornalistas ligados à unidade extremista acusaram a o Exército russo de bombardear o edifício, sem apresentar qualquer elemento de prova e usaram o incidente para reiterar o pedido de exclusão aérea na Ucrânia o que significaria levar ao confronto entre naves russas e dos países da Otan, exacerbando a dimensão do conflito.
A campanha contra o professor não se baseia em nada concreto, pois não há qualquer vídeo que mostre o teatro sendo bombardeado pela Rússia que nega ter atacado o prédio, afirmando que ele “nunca foi considerado um alvo de ataque”.
Hayward foi ainda criticado por colegas que teriam aderido à onda russo-fóbica de alguns governos por ter levantado a questão. Zahawi disse que acadêmicos como Hayward já estavam sendo investigados e que suas universidades seriam contatadas.
Em entrevista ao jornal Edinburgh Live, o professor da universidade escocesa afirmou que estava preocupado com as restrições à liberdade de expressão, e que considera importante ouvir ambos os pontos de vista em tempos de conflito.
“Na guerra, os erros de cálculo podem ter consequências terríveis. Também sabemos que a desinformação pode, às vezes, até escapar do nosso lado, como quando o Reino Unido foi à guerra no Iraque, dizendo erroneamente que tinha armas de destruição em massa”, manifestou.
ATÉ NO PARLAMENTO INGLÊS
As condenações foram além. Tendo compartilhado ainda artigos questionando o suposto bombardeio de uma maternidade em Mariupol e assinalando que, em momento anterior, o líder sírio Bashar al-Assad não atacou seus próprios cidadãos como insistiam ‘fontes’ ocidentais, o professor foi acusado no parlamento inglês, em Londres, na semana passada, pelo deputado conservador Robert Halfon como sendo um “idiota útil a serviço das atrocidades do presidente Putin”.
O presidente dos EUA, Joe Biden, declarou o presidente russo um “criminoso de guerra” em resposta ao suposto ataque, e políticos americanos de ambos os partidos e da Europa renovaram seus pedidos de ajuda militar – incluindo caças – para a Ucrânia.
O Ministério da Defesa russo desmentiu as acusações do governo de Kiev de que a Rússia teria realizado ataque ao teatro em Mariupol, onde civis poderiam estar sendo mantidos reféns, afirmando que não são verdadeiras.
Segundo o órgão, as aeronaves russas não realizaram nenhum ataque desse tipo e que a missão tem como alvo apenas a infraestrutura militar da Ucrânia.
Já o presidente da Duma do Estado (paralamento russo, equivalente à nossa Câmara de Deputados), Vyacheslav Volodin, apontou para os dois pesos duas medidas de Washington, quando o “Congresso dos EUA proibiu qualquer assistência ao Batalhão Azov [contra cujos participantes a Rússia abriu um processo penal], no entanto, Biden, em violação à lei, financia estes neonazistas, enviando-lhes armas”.
Desde o começo da operação especial militar russa na Ucrânia, os EUA têm enviado altas quantidades de armamentos para Kiev. Na semana passada, o governo Biden anunciou US$ 800 milhões (cerca de R$ 4 bilhões) em nova ajuda militar, incluindo armas antiaéreas e drones.
Veja matéria relacionada sobre nazistas no seio das forças armadas da Ucrânia:
* https://horadopovo.com.br/ucrania-e-o-unico-pais-a-ter-nas-forcas-armadas-um-batalhao-neonazi-assumido-o-azov/