Pedagoga carioca Natalie Nassif, que mora em Beirute há mais de um ano, disse que “são civis morrendo”. “Sofrimento para todos os lados e a gente só quer paz”
A pedagoga carioca Natalie Nassif, 38, que mora em Beirute, capital do Líbano, há mais de um ano, contou que os mísseis lançados por Israel contra a cidade são “terror psicológico” para toda a população e que uma de suas alunas “já perdeu 20 conhecidos nessa guerra”.
“A minha casa fica em Beirute, e, embora não estejamos nas zonas de risco maior, a gente consegue ouvir os drones, os aviões e algumas explosões. É um terror psicológico”, relatou ao g1.
Natalie nasceu no Rio de Janeiro e se mudou pela primeira vez para o Líbano em 2014. Em 2023, voltou novamente para o país no Oriente Médio, permanecendo até hoje.
“Já estou vendo alguns alunos desistindo de seus estudos por não terem saúde mental para continuar. Uma das minhas alunas relatou que já perdeu 20 conhecidos nessa guerra e pessoas que trabalham comigo também já perderam suas casas, seus pertences e familiares. É claro que essas histórias mexem muito com a gente, é de cortar o coração”, continuou a brasileira.
Israel está atacando o Líbano de forma incessante, já tendo causado a morte de mais de mil pessoas em duas semanas. O medo de morrer forçou mais de um milhão de libaneses a deixarem suas casas.
Somente nos bombardeios de quinta-feira (3), Israel matou 46 libaneses e feriu outros 85.
Durante a madrugada, mísseis foram lançados contra um centro médico em Beirute, matando sete paramédicos. Uma repórter do Al Jazeera foi ao local e contou que o ataque não teve qualquer objetivo militar: “as pessoas estão sendo feridas e tem muita destruição”.
Natalie Nassif comentou que o povo libanês quer um cessar-fogo. “A gente quer acreditar que dias de paz virão e que a gente terá um cessar-fogo. Porque nenhuma guerra é boa para ninguém, ninguém sai ganhando. São civis morrendo. Sofrimento para todos os lados e a gente só quer paz”.
Na quarta-feira (4), quando Israel começou a avançar por terra sobre o território libanês, seu exército já confirmou a morte de oito soldados israelenses.
Nassif acrescentou que a “situação está bastante tensa” no Líbano desde que o massacre de Israel contra os palestinos começou, em outubro de 2023.
“A gente está esperando o Itamaraty começar a repatriação. Mas nós somos muitos brasileiros aqui, então isso vai acontecer aos poucos”, disse.
Na quarta-feira (2), decolou do Rio de Janeiro o primeiro avião brasileiro que vai realizar a operação de repatriação. A estimativa é que 200 brasileiros possam retornar para o Brasil até o fim de semana. Mais de 3 mil brasileiros pediram para ser resgatados. Há Líbano 21 mil brasileiros vivendo no país.