Os professores e trabalhadores das universidades inglesas decidiram colocar fim ao acordo envolvendo a reforma das pensões da categoria, firmado na segunda-feira (12), entre o sindicato União de Universidades e Colégios da Inglaterra (UCU, na sigla em inglês) e a organização dos empregadores, a Universidades da Inglaterra (UUK).
Após o anúncio do acordo, na terça, a base do sindicato organizou uma ampla manifestação pedindo a demissão da secretária-geral do sindicato, Sally Hunt, e reuniu milhares de professores, com apoio dos trabalhadores e estudantes das universidades nas ruas da sede da UCU, em Londres. Em frente ao sindicato os manifestantes cantavam “Não nos venda!” e “A greve continua!”, enquanto centenas empunhavam cartazes afirmando: “Não ao acordo” e “Sem capitulação”.
O acerto basicamente acata as demandas da UUK, e ao invés de barrar os cortes contra as pensões e o fim do piso (pensão fixa), aceitou ampliar a contribuição retirada dos rendimentos dos professores para “cobrir o suposto déficit” anunciado pela UKK, arrochando ainda mais seus salários. Para a professora Claire, da Universidade publica de Londres, o acordo UCU/UUK “é terrível. Não há um ponto a favorável, representa recuo completo em tudo o que reivindicamos” durante a greve.
“Já se passaram semanas e no meu próprio local de trabalho ninguém aceita que a greve tenha sido em vão, li o acordo e fiquei chocada. Pagar mais e ainda arcar com o corte de nossas pensões, que não terá piso. Por isso acho que está certo pedir a renúncia de Sally Hunt. Você não pode representar os membros do seu sindicato dessa forma e esperar que eles tenham alguma fé e confiança na sua liderança”, acrescentou Claire.
Após a manifestação de terça, Hunt recuou e afirmou, no site do sindicato, que a rejeição ao acordo se fez clara pelos professores, porém segue insistindo que é necessário firmar um acordo o mais rápido o possível. Já a direção da UKK disse estar desapontada com a direção do sindicato, que não foi capaz de sustentar o acordo.
A luta contra o fim das pensões da categoria teve início no dia 22 de fevereiro, quando mais de 64 universidades do país, incluindo Oxford e Cambridge, paralisaram suas atividades, convocando uma greve geral contra as propostas de mudanças que podem reduzir em até 10 mil libras (11,2 mil euros) a pensão de um único professor. Além da redução e do fim de diversos benefícios, o Plano de Aposentadoria Universitária inclui o fim da pensão fixa, tornando o seu valor flexível ao sabor do mercado e da especulação com os fundos de pensões.
Além do ataque às aposentadorias, o acordo aponta na direção geral de “marketização do ensino”, como denunciam estudantes ingleses. Junto com estas propostas, há a de permitir o aumento do teto permitido para a cobrança de anuidades dos alunos, ao invés de investimento nas escolas públicas o que, segundo manifestantes, vai aumentar o fosso nas condições de prestação de serviço educacional entre as Universidades que atendem aos mais abastados e as situadas nas regiões mais pobres do país.