Após o frenesi sobre as declarações do presidente russo Vladimir Putin de que a Rússia alcançara o desenvolvimento de um motor nuclear miniaturizado – e testara -, que permitiria desenvolver toda uma nova classe estratégica de mísseis de cruzeiro – apenas uma dos seis novos tipos de armas russos, capazes de suplantar os atuais sistemas antimísseis dos EUA que apresentou -, o portal RT afirmou que “a ideia de criar um motor de propulsão nuclear nunca caiu no esquecimento e em 2009 a Rússia retomou seu desenvolvimento no marco do projeto conjunto da Agência de Energia Nuclear e a Roskosmos”.
Para alegria dos maníacos de guerra de Washington e do New York Times e suas alegações de que seria “blefe” eleitoral, um certo Ivan Moiseyev, do “Instituto de Política Espacial”, asseverou que “é impossível colocar um motor nuclear em um míssil de cruzeiro”, refutando ainda que haja sido testado, o que segundo ele no mínimo só ocorreria “em 2027”.
Modestamente, Moiseyev diz ter lido “citações da declaração de Putin” e que “há alguma confusão: tais coisas são impossíveis e não são necessárias em geral”. Acrescentou ainda que “nenhum teste pode ter sido realizado em 2017 – seria bom se em 2027 tal instalação pudesse ser testada”.
O portal russo Ridus entrevistou Georgi Tijomirov, diretor adjunto do Instituto de Física e Tecnologia Nuclear (Mifi, na sigla em russo), sobre a questão. “Àquilo a que se referiu e mostrou o presidente, é chamado de plantas de propulsão nuclear compactas pelos especialistas, experimentos que foram levados a cabo inicialmente na aviação e logo na engenharia espacial. Trata-se da tentativa de resolver o problema insolúvel sobre as reservas de combustível necessárias para vôos a distâncias ilimitadas”, afirmou.
“Nesse sentido, a apresentação é perfeitamente correta: a disponibilidade de um motor deste tipo proporciona energia aos sistemas de um míssil ou a qualquer outro dispositivo durante qualquer período de tempo”, acrescentou Tijomirov. O desenvolvimento deste motor começou na União Soviética há exatos 60 anos, sob a direção dos cientistas M. Keldysh, I. Kurchatov e S. Koroliov. Pesquisa semelhante foi feita nos EUA mas abandonada em 1965, o que só ocorreu na URSS uma década depois.
Conforme Tijomirov, “tecnicamente, é projetado da seguinte forma: uma planta de energia nuclear esquenta o gás transmissor de calor, que faz girar a turbina ou cria diretamente propulsão por jorro”. Ele se referiu à “determinada ‘astúcia’ na apresentação do míssil”, que radica no fato de que “o alcance do vôo não pode ser infinito, já que está limitado pelo volume de gás que fisicamente pode ser bombeado nos tanques do míssil”.
Como registrou a RT, duas semanas antes do informe de Putin a revista Fortune havia anunciado que os EUA estão retomando o projeto de motor nuclear para foguetes espaciais, abandonado há meio século. No final do ano passado, a Corporação de Ciência e Tecnologia Espacial da China (CASC), anunciou que desenvolverá uma nave espacial com planta de energia nuclear antes de 2045.
A.P.