
“Isso não está explicitado no projeto”. “Essas assinaturas que alguns parlamentares estão fazendo, dos partidos, têm muitos que estão desavisados sobre o conteúdo do projeto”, disse Gleisi.
A ministra das Relações Institucionais de Lula, Gleisi Hoffmann, apontou que o projeto de lei de anistia concede perdão ao ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados, inclusive militares mais próximos que ajudaram a arquitetar a tentativa de golpe, e não somente os civis que atacaram Brasília em 8 de janeiro de 2023.
Gleisi Hoffmann avalia que essa parte, implícita no texto apresentado, não está clara para uma parcela dos deputados que assinaram o pedido de urgência. Os bolsonaristas dizem que conseguiram as 257 assinaturas, após intensa campanha de chantagem e pressões.
“Eu acho que essas assinaturas que alguns parlamentares estão fazendo, dos partidos, têm muitos que estão desavisados sobre o conteúdo do projeto”, disse Gleisi.
“Querem realmente uma mediação com aquelas penas para aqueles que participaram dos atos de 8 de janeiro, mas o projeto que está lá é um projeto que dá anistia ao Bolsonaro e aos generais, isso não está explicitado. Está faltando esclarecimento sobre isso”, explicou a ministra.
O ex-presidente Jair Bolsonaro e sete aliados, considerados o “núcleo crucial”, se tornaram réus no Supremo Tribunal Federal (STF) por planejarem a tentativa de golpe de Estado para permanecerem no poder.
“Confio muito na palavra do Hugo Motta [presidente da Câmara] de que esse projeto não irá a voto, até porque se for cria uma crise institucional, como ele mesmo disse”, continuou Gleisi.
Em outra parte de sua declaração, a ministra disse que seria “defensável, do ponto de vista de alguns parlamentares”, a proposta de anistiar “algumas pessoas do 8 de janeiro” e que “a gente até pode fazer essa discussão no Congresso”.
Essa fala foi mal recebida no Supremo, segundo informou Andréia Sadi, do g1. Um ministro falou que a ideia é “loucura”. “O governo não tinha que piscar, não. Não é papel deles [discutir a anistia]”.
Outro falou que a proposta de anistiar os golpistas de 8 de janeiro é “um absurdo” e que Gleisi acaba fazendo o “jogo do Motta”.
A ministra Gleisi Hoffmann se retratou, nesta sexta (11), e disse que sua fala foi “mal colocada” e que “não tem anistia nenhuma”. “Não tem anistia nenhuma, como quer Bolsonaro”.
“O que eu quis dizer é que cabe ao Congresso fazer a mediação com o Judiciário das questões envolvendo o 8/1 dessas reclamações que parlamentares estão fazendo sobre penas elevadas. Conversar, sim, cabe ao Congresso. Mas revisar pena é Judiciário”, disse.
A ministra enfatizou que os bolsonaristas “manipulam a questão das penas para confundir a população e encobrir o objetivo de não pagar pelos crimes que cometeram contra a democracia”.