A Procuradoria-Geral da Rússia solicitou do Ministério da Justiça da Alemanha detalhadas informações sobre o tratamento a que o opositor russo, Alexei Navalny, foi submetido e os resultados dos testes nele realizados e se estes testes apontam para uso de medicamentos ou ingestão de inibidores de colinesterase – que afetam o sistema nervoso central e são encontrados em medicamentos – ou outros materiais por ventura encontrados, a exemplo de metais pesados.
Segundo a informação, divulgada no dia 2 de setembro pela agência Reuters, citando o jornal russo RBC, a Procuradoria russa não havia encontrado indícios de envenenamento ou qualquer ação criminal contra Navalny.
Os médicos do hospital de Omsk, para onde Navalny foi levado às pressas após pouso de emergência do avião onde se encontrava e teve um desfalecimento, informaram que lutaram por sua vida por 44 horas e que os exames nele realizados não permitem a conclusão de que ele teria sido envenenado.
Navalny ia da cidade siberiana de Tomsk para Moscou quando desmaiou. Os pilotos mudaram o curso para um pouso urgente na cidade mais próxima de Omsk, para onde foi levado e hospitalizado. A pedido da sua família, Navalny foi levado ainda inconsciente, mas com o estado de saúde considerado estável para seguir tratamento em Berlim, no hospital Charité.
Segundo a agência alemã DW, “os médicos suspeitam da presença de inibidores de colinesterase que o teriam levado ao estado de coma”, o que não significa necessariamente ter havido envenenamento (uma dosagem excessiva de medicamento que contenha tais substâncias pode causar colapso, paralisia muscular e até a morte).
Dessa forma, apesar de setores da mídia terem estampado que o hospital alemão teria denunciado envenenamento do russo, o que a agência DW adiantou foi que “os médicos ainda não puderam confirmar especificamente qual é a substância, mas afirmaram que novos exames estão sendo realizados”, em matéria do dia 24 de agosto.
Agora, detalhes da carta da Procuradoria da Rússia ao Ministério da Justiça da Alemanha foram divulgados:
“Há alguma conclusão de uma comissão de especialistas em medicina forense com análise de espectro detalhada de quaisquer substâncias narcóticas, psicotrópicas ou substâncias venenosas potentes com presença identificada no organismo de A.A. Navalny, incluindo metais pesados?”
“Foram encontradas quaisquer substâncias do grupo de inibidores de colinesterase em espécimes biológicos de Navalny? Quais, exatamente?
E ainda outros detalhes foram solicitados a exemplo de: Que medicamentos estão sendo usados para tratar Navalny e em que doses? Se sua condição piorou e por que? Quais foram os resultados de testes em seu coração, vias respiratórias e sistema nervoso central.
O escritório da procuradoria pediu ainda amostras de exames de sangue, urina, cabelo, saliva e de elementos do interior de sua bochecha que lhes sejam enviadas o mais rápido possível, prometendo tratar os resultados confidencialmente e apenas para o propósito de investigação do que ocorreu a Navalny.
A carta esclarece ainda ao ministério alemão que os investigadores russos já recolheram mais de 100 itens, examinaram vídeos obtidos por câmeras de circuitos fechados e solicitaram mais de 20 exames forenses, mas até agora não encontraram qualquer evidência de que Navalny tenha sido vítima de algum ato criminoso deliberado.
A Reuters não informa se houve resposta do governo alemão à requisição russa.