Sindicalistas fizeram manifestação simbólica para recordar os trabalhadores que perderam a vida na região de Veneto ao longo de 2023. Em toda a Itália, foram 1.041, um a cada três dias
Representando os colegas que perderam a vida em acidentes de trabalho ao longo do ano passado na região de Vêneto, na Itália, e exigindo justiça, mais de 100 caixões navegaram sob um barco, nesta quarta-feira (18) em Veneza. “Uma manifestação silenciosa, mas impactante”, avaliaram os participantes, que condenaram “o trabalho fantasma”.
“Escolhemos o elemento que caracteriza esta cidade: a água. O número de óbitos significa que a cada três dias e meio uma pessoa não voltou para casa depois do expediente, deixando a família e os colegas em desespero”, afirmou Roberto Toigo, secretário-geral da União Italiana do Trabalho (UIL) de Veneto, um dos organizadores do protesto.
Os maiores inimigos da segurança no local de trabalho são a indiferença e a resignação, ressaltou Toigo, para quem é inadmissível continuar ouvindo de empresas altamente lucrativas que “os acidentes sempre ocorreram, são inevitáveis” ou que “segurança custa caro”. O fato, esclareceu o sindicalista, é que na região, nas 422 mil empresas, “foram 69.643 lesões nos locais de trabalho em 2023, 190 por dia!”.
No mesmo período, enquanto morreram 101 trabalhadores em Veneto, em todo o país foram 1.041 ataúdes – quase três por dia – com problemas se espalhando por Florença, Milão, Bolonha, Perugia, Bari e Gênova, devidamente contabilizados e cobrados, região por região.
“Quem comete um erro deve pagar”, enfatizou o sindicalista, defendendo uma “compensação para as famílias das vítimas, que da manhã à noite se encontram sem afeto e sem justiça”.
Entre os inúmeros absurdos e abandonos, exemplificou, está o caso de Mattia Battistetti, de somente 23 anos, falecido numa obra em 2021. “Sua mãe, Mónica Michielin, professora, que hoje está na escola e não pode estar aqui conosco, sabe bem, pois segue esperando por justiça depois de nove audiências… Por isso reafirmamos juntos nosso compromisso, para que as mortes no trabalho sejam um ponto central no debate político, na opinião pública e todos, cada um dentro de seu âmbito de responsabilidade, contribua com o objetivo de alcançar zero mortes no local de trabalho, criando uma verdadeira cultura de vida”.
“Quem vir esta nossa procissão nos próximos dias nos jornais, na televisão e nos sites de todo o mundo sentirá um soco no estômago”, assinalou o sindicalista.
Em 2024, com dados atualizados em 31 de julho, já ocorreram 37 mortes por acidentes de trabalho em Veneto. “O verão e estes últimos dias, no entanto, foram marcados por novos episódios”, concluiu Togo.