
No último domingo (30), manifestantes se reuniram em várias cidades brasileiras em atos contra a anistia aos envolvidos na tentativa de golpe do 8 de janeiro. A maior concentração foi em São Paulo, onde os participantes pediram punição aos participantes da depredação dos prédios da Praça dos Três Poderes em janeiro de 2023 e ao núcleo político da tentativa golpista, a começar pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
As manifestações foram convocadas por entidades sindicais, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e União Geral dos Trabalhadores (UGT), e coletivos como a Frente Brasil Popular, a Frente Povo sem Medo, o Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Em São Paulo, a manifestação começou na Avenida Paulista e seguiu pela Vila Mariana até o prédio do antigo Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna (Doi-Codi), onde eram presos e torturados os adversários da ditadura cívico-militar instaurada em 1964.
Os deputados federais Guilherme Boulos (PSOL-SP), Orlando Silva (PCdoB-SP), Érika Hilton (PSOL-SP) e Lindbergh Farias (PT-RJ) discursaram em carro de som. Boulos inclusive, disse que o público presente era maior do que o da manifestação bolsonarista em Copacabana, no último dia 16, e puxou o coro de “sem anistia”.
“Nesta semana a gente ficou ouvindo provocação da imprensa, da direita, dizendo que nosso ato ia ser esvaziado”, disse Boulos. “Eu digo a vocês sem medo de errar: aqui hoje na avenida Paulista tem mais gente do que o ato golpista em Copacabana”, continuou.
http://x.com/GuilhermeBoulos/status/1906491223084523651
A mobilização ocorre quatro dias depois de Jair Bolsonaro (PL) e sete aliados se tornarem réus no STF por seu papel na trama golpista de 2022.
Da mesma forma, o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) discursou e pediu para que o povo pressione o STF para realizar o julgamento.
“Aqui é o começo de uma jornada para que a gente possa, nas ruas, exigir a punição exemplar aos golpistas e cada vez é com a mais forte no Brasil. Punição aos golpistas sem anistia. Vamos à luta! Esta semana foi fundamental o STF conhecer a denúncia e tornar réu Bolsonaro e a sua turma. São muitas provas”, disse Orlando.
“São vastas as provas que mostram a conexão de Bolsonaro e da sua turma com a tentativa de golpe em 8 de janeiro. E é por isso que nós temos que ir nas ruas pressionar para que o julgamento seja o quanto antes. O povo brasileiro está na expectativa de quando Bolsonaro vai pagar pelos seus crimes e pela tentativa de golpe do Brasil em 2023. Sem anistia para golpistas. Aqui é só o começo. Sem anistia! É isso aí, ó! Sem anistia!”, completou.
A contagem feita pelo Monitor do Debate Político do Cebrap e pela ONG More in Common apontou 6.560 manifestantes presentes.
O sentido simbólico das manifestações foi o de ressaltar a importância da defesa da democracia e lembrar como a última ditadura impedia as vozes e os atos. Para uma das participantes do ano, Lenir Correia, a anistia dos atos de 8 de janeiro viria como uma carta branca para futuras tentativas de golpe: “É contra a injustiça que estamos aqui. Ele [Bolsonaro] foi uma pessoa que agiu contra o Brasil.”
“Quebraram todo o Congresso, picharam, fizeram o que fizeram. Trata-se de defender tudo que é público, que é nosso”, completou Lenir. Para ela, este tipo de protesto é importante para aumentar o número de pessoas contra a anistia e contra atos deste tipo.
Além de São Paulo, houve atos contra a anistia em pelo menos mais sete cidades no Brasil durante o domingo: Brasília, Fortaleza, São Luís, Belo Horizonte, Belém, Recife e Curitiba. De acordo com os organizadores, os movimentos devem continuar em outras cidades do país até esta terça-feira, dia 1º.