Protestos tomam as ruas contra feminicídio e denunciam cortes em políticas para mulheres

Foto: Elineudo Meira @fotografia.75

Neste domingo, manifestações tomaram as ruas em diversos estados em protesto contra a escalada dos casos de feminicídio no Brasil. Em São Paulo, o ato se concentrou no vão do MASP, ocupando os dois lados da avenida Paulista, com cartazes e palavras de ordem pela vida das mulheres.

Os protestos contra os casos de feminicídio se intensificaram nas últimas semanas após o registro de recorde de casos. Na cidade de São Paulo, entre janeiro e outubro de 2025, foram registrados 53 casos de feminicídio, o maior número para um ano desde o início da série histórica, em 2015. Para o mesmo período, o estado São Paulo contabilizou 207 feminicídios, contra 191 no mesmo intervalo em 2024, um aumento de cerca de 8%.

Foto: Diogo Campitelli/Poder 360

As entidades presentes no ato exigiram do Estado medidas efetivas de proteção às mulheres e denunciaram ainda os cortes recentes promovidos pelo governo de Tarcício de Freitas, que reduziu em 54% as verbas para a Secretaria da Mulher.

Para a União Brasileira de Mulheres (UBM), “é hora de transformar indignação em movimento e exigir políticas públicas eficazes, justiça, proteção e respeito às nossas vidas”. A entidade foi representada por Claudia Rodrigues, presidente da entidade na capital.

“Hoje as mulheres lutam diariamente pelas suas vidas, pela vida de suas filhas, e hoje podemos dizer isso porque a luta coletiva vale a pena. E enquanto não houver políticas públicas, não houver governos governando para as mulheres, nós continuaremos sendo mortas em tudo quanto é caminho. Pode ser descendo na Itaquera, depois da aula, como morreu Bruna Oliveira, ou como morreu Débora Soriano, numa festa na Mooca”, denunciou.

Keila Pereira, presidente da Federação das Mulheres Paulistas (FMP), ressaltou que “a gente está ocupando as ruas hoje pela vida das mulheres, mas principalmente para dizer que uma situação ruim como é o índice de feminicídio, de violência contra a mulher, não vai melhorar enquanto se continuar cortando verba das políticas para as mulheres”.

“É isso que o governo Tarcísio está fazendo. Mais de 50% da verba da Secretaria das Mulheres está sendo cortada hoje e a gente depende de novo dos deputados estaduais para poder recompor esse orçamento. Enquanto estivermos preocupados com o orçamento, não vamos conseguir defender, por exemplo, que existam mais delegacias de defesa da mulher nos bairros mais afastados, nas cidades mais afastadas, com funcionamento 24 horas, inclusive. E o combate à violência contra a mulher, ao feminicídio, não vai acontecer no grito, só com mais poder de polícia. A gente precisa de mais inteligência, mais consciência e mais integração do trabalho, do poder público e da Justiça”, ressalta.

Representantes da UBM e da FMP, durante o ato na Paulista. Foto: Divulgação

O ato foi convocado pelo movimento Mulheres Vivas, que reúne artistas, coletivos, organizações feministas no combate à violência contra a mulher.

Além de São Paulo, também foram realizados atos no Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Belém, Distrito Federal, Porto Alegre, Recife, entre outros.

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