Entidades sindicais denunciam que “ação contra contribuição sindical para custeio do sindicato foi golpismo à democracia”
O Sindicato dos Trabalhadores em Entidades de Assistência e Educação à Criança, ao Adolescente e à Família do Estado de São Paulo (Sitraemfa), que representa 40 mil trabalhadores, conquistou na campanha salarial da categoria um reajuste salarial de 5%, acima da inflação, para os filiados e não filiados ao sindicato, muito superior à média do que tem sido acordado por outros sindicatos que representam categorias maiores e mais tradicionais.
Depois da conquista, a entidade foi vítima de um ataque de grupos insatisfeitos com a vitória da categoria contra o arrocho salarial. Os patrões, grupos fascistas e a imprensa antissindical insuflaram uma parte da categoria a desautorizar a contribuição para a entidade, aprovada em assembleia após a vitória da campanha.
O ardil ganhou as manchetes do Jornal Nacional imediatamente, como se já soubessem do acontecido. Participaram da tentativa de golpe grupos de direita, extrema-direita e desavisados, com adesivos do então candidato, agora eleito prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes e do marginal, Pablo Marçal. O tumulto foi provocado por desordeiros de extrema direita, atiçados pela matéria sensacionalista da Globo.
A denúncia foi feita em notas de repúdio pelo Sindicato dos Professores da Escola Paula Souza, pela Federação Estadual dos Trabalhadores em Educação do Estado de São Paulo (FETE-SP), e pela APEOESP, que é o sindicato único dos professores da rede estadual.
Para o custeio da entidade foi aprovado desconto de 2% de um salário uma vez ao ano. Como as conquistas obtidas pelo sindicato são dirigidas a todos os trabalhadores, os participantes da assembleia, como manda a lei, aprovaram que o desconto, para manter a entidade, seria dirigido a toda a categoria. Além de ser submetido à assembleia, é possível rejeitar a cobrança por meio da apresentação da Carta de Oposição à Contribuição Sindical.
Segundo avalia a nota das entidades, o artifício foi criado no rastro deixado pela reforma trabalhista do governo Temer. Essa iniciativa conjunta “entre grupos de extrema–direita e extrema-esquerda (a denominada 5ª coluna) nos leva a uma clara ação antissindical e antidemocrática no país”, no modelo do golpismo de 8 de janeiro”, pode-se completar.
Na própria fake news, a Globo expõe que a contribuição sindical foi uma iniciativa do governo Getúlio Vargas. Não por mero acaso, oculta que o objetivo era fortalecer a organização sindical, a negociação coletiva e garantir o cumprimento da CLT.
CARLOS PEREIRA