Em reação aos ataques bolsonaristas contra a legenda, a direção do PSL começará a punir parlamentares que descumprirem regras e “atacarem a imagem da instituição”.
As brigas dentro no PSL ficaram públicas quando, na manhã da terça-feira (8), um jovem apoiador se apresentou como pré-candidato a prefeito do Recife pelo PSL e Jair Bolsonaro pediu para que ele “esquecesse” o partido e seu presidente, o deputado Luciano Bivar.
“Ô cara, Bivar está queimado para caramba lá. Vai queimar o meu filme também. Esquece esse cara, esquece o partido”, disse Bolsonaro ao jovem.
Para o Bivar, “a fala de Jair Bolsonaro foi terminal, ele já está afastado. Não disse para esquecer o partido? Está esquecido”.
O PSL começará a punir os deputados que, como Jair Bolsonaro, atacarem “a imagem da instituição” ou descumprirem regras. De acordo com o deputado federal Junior Bozella (SP), não se trata de uma “perseguição política”, mas o partido “não é a República das Bananas”.
“Aqueles que atacarem o partido, obviamente, estarão sujeitos a algum tipo de punição. O partido é sério, é uma instituição e tem regra. Então, aquele que descumprir e atacar a imagem da instituição, automaticamente sofrerá algum tipo de punição, com certeza”, afirmou.
A deputada Alê Silva (MG) foi destituída da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara depois de fazer discurso contra o PSL em reunião. Para ela, “esse partido não é do governo, esse partido não é do Bolsonaro. Esse partido só quer dinheiro e que se dane o povo brasileiro. Só quer dinheiro. Partido pequeno, nanico, que chegou onde chegou por causa de Bolsonaro. Se não fosse Bolsonaro, esse partido não teria nem passado na cláusula de barreira”.
Os vinte deputados que assinaram um manifesto em apoio a Bolsonaro e contra a direção do PSL também deverão ser punidos. O deputado Filipe Barros (PR), por exemplo, deixará de presidir a Juventude do PSL.
Bolsonaro disse que fica no PSL “por enquanto”. E, querendo tapar o sol com a peneira, tentou negar que haja uma crise. Ele classificou o atrito com a sigla como uma “briga de marido e mulher”.
Como se fosse algo muito conjugal dizer para um apoiador “esquecer” o partido e que seu presidente está “queimado” e vai queimá-lo também.
ACOBERTANDO CRIMES
Deputados do PSL divulgaram um manifesto afirmando que Bolsonaro abafa “os casos do Queiroz e do ministro do Turismo”.
Segundo Junior Bozella, que foi um dos signatários do manifesto, “temos o caso do Queiroz e o do ministro do Turismo, e o presidente tenta encobrir esses dois assuntos ao mesmo tempo em que desfere ataques indevidos ao PSL”.
“O partido não pode deixar de advertir aqueles que vão contra as bandeiras que nos elegeram, como o combate à corrupção”, acrescentou.
Fabrício Queiroz foi o motorista e assessor de Flávio Bolsonaro, o filho “01” de Jair, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) que recolhia parte dos salários dos assessores. Entre 2014 e 2017, Queiroz chegou a movimentar R$ 7 milhões em sua conta, como identificou o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
O ministro do Turismo de Bolsonaro, Marcelo Álvaro Antônio, presidiu o PSL de Minas Gerais durante as eleições e montou um esquema de candidaturas laranjas no estado para desviar recursos do fundo eleitoral.
Quatro candidatas, que juntas somaram 2.084 votos, receberam R$ 279 mil do fundo eleitoral. Parte do dinheiro foi gasto com empresas ligadas a assessores e parentes de Álvaro Antônio.
Assim como o ministro do Turismo está sendo investigado pelas candidaturas laranjas em Minas Gerais, Bivar também está implicado num caso semelhante em Pernambuco.
Ele sucedeu Gustavo Bebianno, demitido da Secretaria-Geral da Presidência da República, na presidência nacional do PSL.
Na presidência do partido, Bivar chancelou o repasse de R$ 400 mil em verbas do fundo partidário para uma candidata laranja em Pernambuco. Maria de Lourdes Paixão, 68 anos, foi a terceira maior beneficiada com verba do PSL em todo o país.
O deputado Delegado Waldir (GO), líder do PSL na Câmara, saiu em defesa do PSL e do presidente do partido, Luciano Bivar (PE), na terça-feira (8).
“A existência hoje de um governo do PSL se deve ao presidente Luciano Bivar”, disse, rebatendo Bolsonaro.
“Como você fala do quintal alheio se o seu quintal está sujo? As candidaturas em Minas Gerais e Pernambuco estão sendo investigadas. Mas o filho do presidente também”, rebateu o deputado Delegado Waldir.
“A gente não pode desmerecer o prato que comeu. Se o nosso presidente está hoje no Palácio do Planalto, ele tinha que ter uma sigla e essa sigla foi o PSL. Você não pode bater em pai e mãe, né? O nascimento do presidente… todos nós dependemos do partido. Gratidão é uma palavra mágica. Gratidão e lealdade”, declarou o líder do PSL.
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