Diretório Nacional do PT, em reunião realizada nesta segunda-feira (13), decidiu por unanimidade essa orientação às suas bancadas na Câmara e no Senado. Legenda exigirá redução da taxa Selic, a mais alta do mundo. Ministro Haddad, presente no evento, endossou a posição do partido
O Diretório Nacional do PT, em reunião realizada nesta segunda-feira (13), decidiu apoiar a presença do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, no Congresso Nacional, para prestar esclarecimentos obre a manutenção do juros no patamar mais alto do mundo.
O partido não é a favor de mobilizações pela saída de Campos Neto do cargo, mas vai fortalecer a posição do presidente Lula contra a taxa básica (Selic) em 13,75% ao ano.
“Tiramos o posicionamento do PT de chamar o presidente do Banco Central, convocar o presidente do Banco Central para fazer explicações ao Congresso Nacional”, informou Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT.
“Se ele pode dar entrevista ao Roda Viva, por que não pode prestar esclarecimentos sobre essa política de juros exorbitantes ao Congresso?”, questionou.
“Nós queremos que ele [Campos Neto] vá ao Congresso para explicar o que está acontecendo e tentar justificar essa política, que acho injustificável, e ter sensibilidade para mudar sua posição. Nós queremos ter crescimento e emprego no Brasil, e não recessão”, disse.
“Achamos exagerado os juros que tem. Achamos importante rediscutir a meta da inflação”, explicou a dirigente.
“Nós também estamos pedindo a revisão dessa meta fiscal porque isso é um absurdo. Temos de desmistificar o fiscal. Não é possível que o fiscal seja algo que vá na direção contrária ao crescimento econômico”, apontou Gleisi.
Ela contou que o apoio à convocação de Campos Neto foi unânime na reunião do Diretório Nacional do PT.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participou do encontro e endossou a posição do partido contra os juros altos.
Roberto Campos Neto, que foi indicado para o cargo por Jair Bolsonaro, tem defendido a manutenção do juros em 13,75% ao ano. Essa taxa é a maior, em termos reais, do mundo. Descontada a inflação para os próximos doze meses, a taxa de juros reais do Brasil é de 7,38%. Em segundo lugar vem o México (5,53%), seguido por Chile (4,71%) e Colômbia (3,04%).
Gleisi Hoffmann ressalta que a manutenção dos juros altos impede investimentos e o crescimento econômico. “Se a prioridade do país é o crescimento e a geração de empregos e oportunidades, é neste sentido que deve caminhar a política econômica”, disse.
O economista e presidente da Associação Brasileira de Investidores (Abradin), Aurélio Valporto, sustenta que “ao subir e manter os juros no atual patamar, o BC identifica que o processo inflacionário brasileiro tem como causa o excesso de demanda em relação à oferta, o que demonstra uma total desconexão da autoridade monetária em relação à realidade econômica do país”.
O deputado federal Renildo Calheiros (PCdoB-PE), vice-líder do governo na Câmara, afirmou que “essa alta taxa de juros é um impedimento a novos investimentos, à geração de novos empregos e novas oportunidades para as pessoas. O Brasil tem a mais alta taxa de juros do mundo”, denunciou.