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A direção nacional do PT aprovou sábado (1º) mais uma resolução política, que, como as anteriores, não faz autocrítica de absolutamente nada – nem da corrupção que levou Lula, Vaccari e outros à cadeia, nem da conduta durante a campanha eleitoral.
Como grande novidade, a cúpula petista aponta como principal caminho do partido, a partir de 2019, a bandeira do “Lula Livre”.
Uma primeira versão do texto fora elaborada por uma comissão formada por nove integrantes, representando as correntes internas da sigla. Nessa versão, havia um ensaio, ainda que parcial e tímido, de autocrítica, com uma referência à “guinada neoliberal a partir de 2015”, ou seja, ao estelionato eleitoral de Dilma, como um erro do partido.
Havia também uma menção à “dificuldade” do PT em combater a pecha de “corrupto” – embora não se falasse da origem dessa dificuldade, isto é, do roubo praticado pelo partido, através de esquemas de propina na Petrobrás e nos fundos de pensão das estatais.
No entanto, nem isso vingou. Na reunião, os integrantes da corrente majoritária, intitulada “Construindo um Novo Brasil” (CNB), não aceitaram as críticas ao governo Dilma.
A própria presidente da sigla, Gleisi Hoffmann, declarou que “não queremos um texto que analise os governos anteriores”.
Dilma, com a costumeira falta de simancol, pegou a palavra para defender o seu governo e não conseguia acabar de falar. Depois de algum tempo – e do incômodo visível (e audível) do plenário – Gleisi Hoffmann chamou sua atenção para o tempo que já tinha tomado da reunião. Dilma fuzilou-a com os olhos e disse que iria continuar: “vou defender meu governo”.
No fim, até as tímidas menções aos erros de seu governo foram retiradas do texto.
O documento, apresentado pelo Diretório Nacional após dois dias de reunião, em Brasília, diz que “Lula segue como a principal liderança da esquerda brasileira. Por isso declaramos que continuaremos na luta pela liberdade e pela anulação de todas as sentenças injustas. Lula Livre!”.
Quanto aos motivos da débâcle do governo Dilma e do resultado das eleições, diz o documento que “desde o final do segundo turno de 2014, as classes dominantes brasileiras, seus representantes e aliados políticos, midiáticos, em partes do judiciário, nos corpos de segurança, articulados com algumas forças externas desencadearam uma ofensiva brutal às conquistas sociais e os avanços políticos das classes populares obtidos em nossos governos”.
A culpa, portanto, é das classes dominantes, da Justiça e do escambau. O PT – Lula, Dilma, etc. – não tiveram nenhuma responsabilidade.
Mas o PT cobra dos outros submissão à sua suposta hegemonia, se apropriando dos 15 milhões de votos a mais que Haddad teve no segundo turno – como se esses votos não fossem de pessoas que não queriam o PT, mas queriam Bolsonaro menos ainda.
É, aliás, algo estéril transformar Fernando Haddad em “nova liderança nacional do Partido”. Quanto a dizer que ele “simbolizou aspectos de renovação política e social de que o PT é capaz”, aí já estamos no terreno do famoso pensador Rolando Lero.
Haddad, por sinal, não foi à reunião do PT, pois está nos EUA para participar de um evento denominado “What went wrong when Brazil went right?” (“O que deu errado quando o Brasil foi para a direita?”).
Ao ser perguntado, nesse evento, quando o PT faria autocrítica, Haddad respondeu que “nunca cobraram autocrítica nem da ditadura militar nem dos governos anteriores, só do governo do PT”.
De onde se conclui que o PT quer o mesmo tratamento que o povo deu à ditadura ou ao governo Collor.
Talvez, finalmente, tenha alguma razão.