A Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Deputados protagonizou uma cena patética, na terça-feira (5), ao interrogar – por meio de videoconferência – o advogado Rodrigo Tacla Durán, apontado como um dos operadores da Odebrecht no esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato. O Brasil já conseguiu bloquear US$ 15 milhões em uma de suas contas, que eram secretas, em Singapura.
Ao longo de quatro horas, ele foi sabatinado por 11 deputados petistas com algumas perguntas e muitos discursos elogiando e exaltando o doleiro foragido. Os ataques de Durán contra a Lava Jato foram recebidos pelos petistas com euforia.
O doleiro é denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) de operar esquemas de lavagem de dinheiro para a Odebrecht de 2011 a 2016 e pagar propina. Ele teve prisão decretada no Brasil pelo juiz Sérgio Moro e está foragido da Justiça na Espanha, que nega sua extradição porque tem dupla nacionalidade.
Márcio Faria da Silva, ex-presidente da Odebrecht Engenharia Industrial, entregou aos investigadores um fluxograma com informações sobre o caminho de propina paga a integrantes do PMDB em troca de um contrato milionário na Diretoria de Internacional da Petrobrás. A propina saiu em parte de contas operadas pelo Setor de Operações Estruturadas com destino à conta de offshore GVtel, em nome Tacla Durán.
O advogado, que reconhece ter trabalhado para a Odebrecht, tem propalado que a Justiça brasileira se recusa a ouvi-lo e que, por conta disso, investigados pela Lava Jato estariam sendo impedidos de utilizar supostas provas de manipulação em documentos da construtora. O grupo nega irregularidades.
Alvo de processos e mencionado em investigações recentes, Durán foi convidado a depor na comissão a pedido do deputado Wadih Damous (PT/RJ) – um dos petistas mais ativos na defesa da libertação do ex-presidente Lula, condenado e preso em Curitiba. A defesa de Lula vem tentando incluir o advogado como testemunha. O pleito ainda vai ser julgado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).