O anúncio ocorreu na base aérea de Khmeimin, no estado sírio de Latakia
O presidente russo, Vladimir Putin, orientou “o Ministério da Defesa e ao líder do Estado-Maior que procedam com o início da retirada do contingente militar russo das bases sírias”, em pronunciamento realizado na segunda-feira (11), durante visita a base aérea síria de Khmeimin, na província síria de Latakia, enquanto celebrava a derrota do Estado Islâmico (Daesh).
Acompanhado do presidente sírio, Bashar al-Assad, Putin lembrou que “durante os últimos dois anos as Forças Armadas russas e o Exército sírio derrotaram o Daesh, um dos bandos mais agressivos entre os terroristas internacionais. Portanto, tomamos a decisão de fazer com que volte à Rússia uma parte considerável do contingente russo instalado na Síria”, completou o mandatário.
Assad, por sua vez, agradeceu o povo russo pela “participação decisiva na luta contra o terrorismo na Síria. O que os militares russos fizeram não será esquecido pelo povo sírio. O sangue dos mártires russos se misturou com o dos mártires do Exército Árabe Sírio na luta contra os terroristas para purificar nossa terra dos mercenários que queriam destruir nossa pátria”. Ao discorrer sobre o sacrifício dos heróis de ambos os exércitos, o governante sírio ressaltou que seus exemplos permanecerão como “faróis para as gerações futuras”, demonstrando que o compromisso e solidariedade entre os povos “é mais forte que o terrorismo e seus mercenários”.
HORDAS INVASORAS
A Síria foi invadida há seis anos por hordas de terroristas (algumas estimativas falam em 60 mil) financiados pelos Estados Unidos e reinados árabes vassalos. Eles se instalaram em milhares de aldeias e cidades sírias. Durante os primeiros quatro anos a Síria empreendeu uma resistência heroica e de 2015 em diante, já com apoio de guerrilheiros libaneses do Hezbollah, de forças iranianas e, mais especialmente tropas e força aérea russa, foi vencendo batalha após batalha sendo as mais importantes as de Alepo e de Deir Ezzor, esta a luta para afastar o Daesh de seu último bastião ao sul da Síria.
Agora resta um ajuntamento de invasores ao norte, em Idlib e além de algumas aldeias, com os quais a Síria está lidando com ações armadas e com negociações de paz com as forças oposicionistas sírias, como nas conferências de Sochi (Rússia) e Genebra (com a participação da ONU). Mas já não há mais território nas mãos dos fanáticos degoladores do Daesh.
Ao discorrer sobre a visita de Putin, Assad considerou tratar-se de uma oportunidade para aprofundar as discussões do que chamou de “segunda fase do combate ao terrorismo”, ao mesmo tempo em que discutiu a evolução do processo político do país e no mundo. “Considero que as grandes vitórias alcançadas na guerra contra o terrorismo vão pavimentar o caminho político para uma solução pacífica que poupe a vida dos sírios, restaurando a segurança da pátria e assegurando a paz”.
Durante o encontro, ambos os presidentes passaram em revista as tropas da base aérea acompanhados do ministro da Defesa russo, Serguei Shoigu, bem como do chefe do gabinete das Forças Armadas da Síria, Ali Abdullah Ayoub.
A visita surpresa de Putin ao país foi noticiada pouco depois deste deixar a Síria, quando já estava próximo de sua chegada ao Egito, conforme anunciado anteriormente. Esta foi a primeira visita de Putin à Síria desde o início do conflito e aconteceu 20 dias após uma visita de trabalho de Bashar al-Assad a Rússia, onde se encontrou com Putin na cidade de Sochi.
Ao avaliar a derrota dos terroristas, Putin também destacou a participação e bravura dos soldados russos. “A tarefa de combater bandidos armados na Síria foi uma tarefa essencial, em grande parte resolvida com o apoio de nossas Forças Armadas. Eu parabenizo vocês! Agora vocês voltam vitoriosos para suas casas, para junto de seus familiares, mulheres, filhos e amigos. A pátria os espera meus amigos”. Porém o mandatário russo advertiu que “se os terroristas levantarem novamente a cabeça, serão atacados de forma implacável. Não esqueceremos dos mortos e das perdas causadas pela luta contra o terrorismo, na Síria e na Rússia”.
VITÓRIA
A vitória contra o terrorismo foi declarada ainda na semana passada, quando o Exército sírio anunciou que retomou a cidade de Deir Ezzor dos terroristas do Daesh – a cidade era o último grande reduto sob controle dos terroristas do Daesh. A vitória sobre o Daesh também foi anunciada pela missão do exército russo na Síria no dia 7. “A missão do exército russo de eliminar o grupo terrorista Daesh da Síria está concluída”, informou em coletiva de imprensa o general do Estado-Maior russo, Serguei Rudskoi.
A Rússia entrou no conflito em setembro de 2015, a pedido do governo Bashar al-Assad. Pouco depois, em março de 2016, o presidente russo anunciou a retirada parcial das forças russas ao constatar o enfraquecimento do Daesh e de outros grupos terroristas que lutavam contra o governo central.
Já os EUA seguem tergiversando sobre sua invasão ao território sírio, alegando que não sairão da Síria por considerar que ainda há terroristas no país.
A guerra contra o Daesh se arrastou por mais de seis anos, fôlego possível pelo apoio, treinamento e financiamento dos EUA e outros países membros da Otan aos grupos terroristas. Como resultado, dezenas de milhares de pessoas foram mortas ou brutalmente assassinadas pelos mercenários. De acordo com a Alto Comissariado das ONU para os Refugiados (Acnur), mais de 1 milhão de pessoas deixaram suas casas, se deslocando internamente pelo país, na tentativa de fugir do conflito, ao passo que outras centenas de milhares decidiram buscar refúgios em outros países. À medida em que as cidades são liberadas e a segurança é restituída e as casas são reconstruídas, dezenas de milhares de refugiados retornam.
GABRIEL CRUZ