O presidente russo Vladimir Putin pediu a restauração da soberania da Síria e a retirada de forças estrangeiras, incluindo o exército russo, se Damasco assim o decidir, em entrevista às tevês em árabe Al Arabiya, RT e Sky News, na véspera de sua visita à Arábia Saudita nesta segunda-feira (14).
“Todos aqueles que estão presentes no território de um estado estrangeiro, neste caso a Síria, ilegalmente, devem deixar seu território. Isso se aplica a todos os estados”, afirmou Putin, sobre as notícias de que a Turquia desencadeou uma ofensiva contra milícias curdas no norte do país.
O líder russo se referiu então, ao papel da Rússia, também presente no terreno como uma força convidada pelo governo sírio, de acordo com o direito internacional.
“Se as futuras autoridades legítimas da Síria disserem que não precisam mais da presença das forças militares russas, então, é claro, isso também se aplicará à Federação Russa”, sublinhou Putin.
“Hoje, estamos debatendo essa questão de maneira absolutamente aberta com todos os nossos parceiros: os iranianos, os turcos. Também conversamos sobre isso muitas vezes com nossos parceiros americanos”, acrescentou o chefe de Estado russo.
“E eu já disse abertamente aos meus parceiros o que vou lhe dizer: o território sírio deve ser libertado de qualquer presença militar estrangeira e a integridade territorial da Síria deve ser totalmente restaurada”.
No início deste mês, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou a retirada de tropas dos EUA das regiões fronteiriças do nordeste da Síria, ao que se seguiu a incursão turca contra forças que vinham atuando sob chancela de Washington, as milícias curdas, e que o regime Erdogan considera terroristas e separatistas.
Ao contrário de Moscou, as forças americanas estão presentes ilegalmente desde 2016 no país. Essa presença foi fortemente denunciada por Damasco em várias ocasiões.
O governo Assad também repeliu a incursão turca no norte do país, classificando-a de “agressão” e “violação da Carta da ONU”. A mídia síria anunciou o envio de tropas sírias à fronteira.
O presidente russo também destacou a importância da cooperação entre Moscou e Riad, cujo fortalecimento ele sugeriu.
Questionado sobre a expansão da Otan até às fronteiras russas, Putin assinalou que “é claro que, quando a infraestrutura de um bloco militar se aproxima de nossas fronteiras, isso não pode nos agradar”.
Ainda na entrevista, Putin condenou ataques contra instalações petroleiras no Golfo Pérsico, qualquer que seja o autor. Ele conclamou a um entendimento entre as nações do Golfo. “Uma potência tão importante quanto o Irã, que está presente neste território há milênios – os iranianos, os persas vivem aqui há séculos – obviamente tem seus próprios interesses, que devem ser respeitados”, acrescentou.
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