O desejo da Europa de criar seu próprio exército e deixar de depender de Washington para a defesa não apenas é “natural”, como “é positivo para o mundo multipolar”, afirmou o presidente russo, Vladimir Putin, em entrevista durante as comemorações em Paris do fim da I Guerra Mundial.
“A Europa é uma poderosa união econômica e é natural que eles queiram ser independentes e soberanos no campo da defesa e segurança”, declarou Putin. Ainda segundo o líder russo, trata-se de “um processo positivo” que “fortaleceria o mundo multipolar”. A proposta foi sugerida na semana passada pelo presidente francês Emmanuel Macron.
Já o presidente Donald Trump não achou a menor graça na ideia da Europa ter força militar própria e chamou de “muito ultrajante” o comentário de Macron sobre essa necessidade. Trump aproveitou para voltar a exigir que os europeus paguem pela ocupação, o que chamou de “retribuição aos EUA por subsidiar a Otan”.
Depois do entrevero pela mídia, Macron e Trump buscaram amenizar as divergências, chamando tudo de “mal-entendido” e dizendo concordar sobre ter “uma Europa mais forte”. Desde o final da II Guerra, os EUA mantêm dezenas de milhares de soldados e centenas de bases na Europa, especialmente na Alemanha e Itália.
Sobre as relações de Moscou com a Otan e Washington, Putin afiançou que a Rússia está sempre pronta para o diálogo e acrescentou que a bola está agora no terreiro dos EUA. “Não somos nós que vamos nos retirar do Tratado INF, são os americanos que planejam fazer isso”, salientou, sobre o acordo em vigor há 30 anos que proíbe os mísseis de alcance médio e curto.