O presidente russo Vladimir Putin comentou o incidente de 25 de novembro no estreito de Kerch ao discursar no fórum “Russia Calling”, sublinhando que isto foi uma provocação organizada pelo presidente ucraniano Pyotr Poroshenko nas vésperas das eleições presidenciais, informou a agência russa de notícias Sputnik.
No domingo (25), três barcos das forças navais da Ucrânia, em violação dos Artigos 19 e 21 da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito no Mar, atravessaram ilegalmente a fronteira estatal russa em direção ao estreito de Kerch, que separa a península da Crimeia da Rússia continental, provocando entre os dois países um incidente naval no mar de Azov.
“Hoje, às 7:00 horas de Moscou, três navios da marinha ucraniana adentraram ilegalmente em águas da Federação Russa”, o que obrigou as forças de guarda-costas a perseguir os infratores, arremeter contra o rebocador causando-lhe danos na sala de motores e abrir fogo contra os encouraçados, que tentavam circunavegar a península de Crimeia, comunicou então a direção de fronteiras do Serviço de Segurança Federal da Rússia (FSB).
Segundo Putin, Poroshenko, que tem baixa popularidade entre os eleitores, tenta desta forma criar obstáculos aos adversários da oposição e, possivelmente adiar a eleição marcada para a primavera de 2019.
O presidente ressaltou que o incidente tem todos os sinais de provocação, sendo um pretexto para introduzir a lei marcial na Ucrânia. O líder detalhou que, entre os tripulantes dos navios ucranianos, havia dois agentes do Serviço de Segurança da Ucrânia que na prática lideravam a operação.
“Eles confessaram que são agentes do Serviço de Segurança da Ucrânia. São sinais claros de ser uma provocação organizada com antecedência que visava precisamente servir de pretexto para introduzir a lei marcial no país”, declarou Putin, segundo Sputnik.
O presidente russo lembrou que, mesmo após a reunificação da Crimeia com a Rússia em 2015 e o conflito no Donbass, Kiev não introduziu a lei marcial, enquanto os acontecimentos de 25 de novembro são apenas um incidente menor. “Está claro que isso se faz nas vésperas das eleições presidenciais, esse é um fato absolutamente evidente”, comentou.
O presidente frisou que os navios ucranianos entraram nas águas territoriais da Rússia e não responderam aos vários avisos da guarda fronteiriça.
“Quero chamar a atenção para o fato de [os navios ucranianos] terem entrado nas nossas águas territoriais, águas que pertenciam à Rússia mesmo antes da reunificação da Crimeia com a Rússia”, afirmou Putin.
Para ele, o incidente não tem nada a ver com as tentativas de melhorar as relações russo-ucranianas.
“É um jogo de escalada, é um jogo sujo dentro do país com o fim de reprimir seus adversários políticos”, constatou.
O parlamento da Ucrânia, Suprema Rada, aprovou na segunda-feira (26) um decreto de Pyotr Poroshenko autorizando a introdução de lei marcial por 30 dias.