A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor – Amplo 15 (IPCA-15) disparou 0,72% em julho, atingindo a maior variação para o mês dos últimos 16 anos. O índice, divulgado nesta sexta-feira (23) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é uma prévia da inflação oficial (IPCA), também calculada pelo instituto. Trata-se da taxa mais alta para o mês de julho desde 2004, quando chegou a 0,93%.
O resultado foi puxado pela alta de 4,79% da energia elétrica e veio acima das expectativas do mercado. No mês anterior, junho, a inflação oficial do país já havia avançado 0,83% – outro recorde para o período dos últimos anos.
Agora, o IPCA acumula alta de 4,88% no ano e de 8,59% nos últimos 12 meses, fazendo da inflação em ascendência desde o ano passado, um problema inegável para as famílias brasileiras, já que os preços que disparam são exatamente os produtos e serviços que têm preços monitorados pelo governo, que podem ser controlados pelo governo – mas não o são.
Embora a energia elétrica tenha causado o maior impacto, tendo o grupo “habitação” variado 2,14% no mês, sete dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta em julho.
Desde junho, está em vigor a bandeira tarifária patamar 2 – com reajuste de 52% no mês corrente, elevando de R$ 6,24 para R$ 9,49 cada 100 kWh consumidos.
O preço do gás de botijão, com variação de 3,89%, e do gás encanado, de 2,79% continuam subindo e contribuíram com o encarecimento dos custos de habitação, penalizando especialmente as famílias já impactadas pelo desemprego e pelo arrocho nas rendas.
A gasolina, também com preços disparados, passou a acumular alta de 40,32% nos últimos 12 meses, com variação de 0,50% em julho. Assim, o grupo de transportes registrou inflação de 1,07% no mês (com alta de 0,38% nos combustíveis em geral).
Os preços de alimentos e bebidas, por sua vez, contribuíram com 0,10 p.p para a inflação do mês, avançando 0,49% em julho.
Os preços dos alimentos consumidos no domicílio aceleraram de 0,15% em junho para 0,47% em julho. “Contribuíram para essa aceleração as altas do leite longa vida (4,09%), do frango em pedaços (3,09%), das carnes (1,74%) e do pão francês (1,81%)”, diz a nota divulgada pelo IBGE.
A escalada dos preços de bens industriais também preocupa. A inflação de bens industriais diminuiu de 1,05% para 0,69% entre a prévia de junho e a de julho, mas também foi apontada como surpresa desfavorável no IPCA-15. Em 12 meses, a alta dos preços industriais atingiu 8,97%.
O resultado provocou revisões nas projeções da inflação, que para o mercado financeiro pode subir perto de 1% este mês, com um pico perto de 9% em agosto na variação de 12 meses.