A Coreia Popular advertiu que pode voltar ao seu programa nuclear se as drásticas sanções econômicas de Washington continuarem em vigor, afirmou a agência de notícias KCNA. A retomada pode ocorrer “se os EUA continuarem se comportando de forma arrogante sem apresentar qualquer mudança em sua posição”, aponta o comunicado, que acrescenta que “melhora das relações e sanções são incompatíveis”.
O comunicado é uma resposta às declarações do secretário de Estado, Mike Pompeo, à Fox News, de que “manteremos a pressão econômica até que o presidente Kim cumpra o compromisso que assumiu com o presidente Trump em junho, em Cingapura”. Pompeo deverá ir a Pyongyang na próxima semana para acertos sobre a segunda cúpula Kim-Trump.
São os EUA – e particularmente o conselheiro de Segurança John Bolton – que resistem a se ater aos compromissos de Cingapura, cuja declaração não deixa dúvidas de que se trata de um processo de instauração da confiança mútua, em direção à paz, normalização de relações e desnuclearização de toda a península coreana, mas Pyongyang jamais se comprometeu em se desarmar unilateralmente – ainda mais quando o atual governo em Washington sequer respeita o que o antecessor assinou, quanto mais respeitar o que sequer está assinado, a paz definitiva.
Acrescenta o comunicado que os EUA “pensam que suas repetidas ‘sanções e pressões’ levam à ‘desnuclearização’. Não podemos deixar de rir de uma ideia tão tola”.
Nos comunicados, os coreanos sempre buscam isentar Trump. As relações intercoreanas têm avançado intensamente, com novas medidas de desconflitização e acordos para retomar ligações ferroviárias e estradas. No início de outubro, o chanceler sul-coreano, Kang Kyung-wha, disse que Seul estava disposta a levantar as sanções como um gesto de boa vontade. Também o presidente Moon Jae-in, em sua visita a capitais europeias, defendeu a necessidade de aliviar as sanções.
A reação de Washington chegou rápido, com a Casa Branca dizendo que “eles não farão isso sem a nossa aprovação”, com o cínico acréscimo de que “eles não fazem nada sem a nossa aprovação”.