A Coreia Popular reabriu nesta quarta-feira (3) a linha de comunicação de fronteira com a Coreia do Sul e autoridades dos dois lados realizaram uma conversa de cerca de 20 minutos, cujo conteúdo não foi revelado. O canal de comunicação estava desligado desde fevereiro de 2016 após o Sul ter fechado o complexo industrial intercoreano de Kaesong, que era operado conjuntamente. O líder da Coreia Popular propôs ao colega do Sul um dialogo “sem intermediários”, referindo-se às frequentes intromissões do governo dos EUA, que, se arvoram a falar em nome de Seul, impedindo o entendimento e a unidade entre os coreanos.
A atitude da Coreia do Norte foi tomada após o pronunciamento de Ano Novo do líder Kim Jong Un na segunda-feira (1º), no qual ele disse que “a participação da RPDC nos Jogos Olímpicos de Inverno será uma boa oportunidade para mostrar união e desejamos que os jogos sejam um sucesso” e acrescentou que “autoridades dos dois lados devem se reunir urgentemente para discutir essa possibilidade”.
Um dia após o discurso de Kim Jong Un, a Coreia do Sul aceitou a realização de “conversas de alto nível” e sugeriu que a reunião seja no próximo dia 9 para tratar da participação norte-coreana nos Jogos Olímpicos de Inverno de PyeongChang 2018. A declaração de Seul foi feita pelo ministro da Unificação, Cho Myoung-gyon, que propôs que o local do encontro seja a aldeia de Panmunjon, dentro da Zona Desmilitarizada.
O presidente dos Jogos de PyeongChang, Lee Hee-beom, disse à agência sul-coreana de notícias Yonhap que estava satisfeito em saber da disposição da Coreia do Norte em participar dos Jogos. “O comitê recebe a notícia como um presente de Ano Novo”, completou.
Ri Son Gwon, presidente do Comitê para a Reunificação Pacífica da Pátria (Coreia do Norte) disse que “vamos manter comunicações estreitas com o lado sul-coreano com uma posição sincera e atitude honesta de nossa liderança suprema, para tratar do envio de nossa delegação”.
Autoridades dos EUA reagiram mal diante deste reinício de diálogo entre Seul e Pyongyang. Segundo fontes não citadas pela Reuters, Washington não levará qualquer conversa entre as Coreias a sério se não contribuírem para a desnuclearização da Coreia do Norte.
“Todos os lados relevantes devem aproveitar essa tendência positiva na península coreana e se mover na mesma direção”, disse Geng Shuang, porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da China em nota divulgada em Pequim.
No pronunciamento de Ano Novo, Kim Jong Un assegurou que a Coreia Popular “alcançou o objetivo de completar sua força nuclear em 2017”; que o país é “uma potência nuclear responsável e que ama a paz”; reafirmou que o poder nuclear visa unicamente a defesa da nação e advertiu que a RPDC “pode agora enfrentar qualquer ameaça nuclear dos Estados Unidos”.