Difícil saber se os chefões que despacham no Planalto decretaram a medida para esconder do “mercado” sua incapacidade de aprovar a reforma da previdência ou se foi para desviar a atenção das Forças Armadas dos crimes palacianos.
O “mercado” é vingativo. Não costuma mandar flores a quem lhe dá o cano.
Quanto aos militares, é certo que estão subordinados a autoridades civis, mas como seres humanos são livres para pensar que a crise de autoridade no Rio de Janeiro é o que se colhe quando a presidência da República e o governo do Estado são ocupados por bandidos cujos crimes aparecem quase todos os dias nos noticiários das televisões.
Não diz o velho ditado que o exemplo vem de cima?
Então, como esperar que policiais desaparelhados e esmagados por atrasos de salário possam combater com eficiência o crime organizado se Temer, Pezão e outros tantos símbolos da impunidade desfilam soltos e assinam decretos mandando os militares fazerem isso e aquilo?
Será que a Constituição obriga mesmo os militares a obedecerem criminosos notórios que os mandam tomar o lugar da polícia para dar a impressão de que o governo está agindo em benefício da população desesperada?
Que ninguém se iluda, a impressão será fugaz. Treinados para matar e não para prender, Exército, Marinha e Aeronáutica não vão sair da armadilha maiores do que entraram.
De acordo com o general Eduardo Villas Boas, comandante do Exército, o uso das Forças Armadas como polícia “é desgastante, perigoso e inócuo”. Em junho do ano passado, durante audiência no Senado Federal, o general foi enfático sobre usar o Exército para executar tarefas que são da polícia. “Não gostamos deste tipo de emprego. Não gostamos”, disse ele, lembrando a intervenção anterior, também no Rio de Janeiro.
“Eu, periodicamente, ia até lá [na favela da Maré] e acompanhava nosso pessoal, nossas patrulhas na rua. E um dia me dei conta. Os nossos soldados atentos, preocupados – são vielas –, armados. E passando crianças, senhoras, eu pensei: ‘Estamos aqui apontando arma para a população brasileira’. Nós somos uma sociedade doente. E lá ficamos 14 meses. Do dia em que saímos, uma semana depois tudo havia voltado ao que era antes. Então, temos que realmente repensar esse modelo de emprego, porque é desgastante, perigoso e inócuo”, disse o comandante do Exército.
Em comentário numa rede social, o comandante disse que “os desafios enfrentados pelo estado do RJ ultrapassam o escopo da segurança pública, alcançando aspectos financeiros, psicossociais, de gestão e comportamentais”.
S. R.
É certo, se retirar uma cúpula de Polícia corrupta e incompetente e colocar no lugar dela, uma pessoa honesta; seja ela militar ou não. O errado é se usar membros da forças armadas, que não devem serem usados, numa atividade eminentemente de natureza policial. O verdadeiro problema do Rio de Janeiro, na área de segurança são seus péssimos governadores, que não sabem, nem querem realmente, combater o crime. Estes péssimos governadores apenas usam da demagogia, ao invés de darem segurança ao povo. E quanto mais se é pobre, mais se sofre na mão dos bandidos.