
A quebra de sigilo bancário do ex-policial Fabrício Queiroz, amigo de longa data de Jair Bolsonaro e ex-assessor de seu filho Flávio, revelou, segundo o jornalista Ricardo Noblat, que ele depositou pelo menos R$ 60 mil na conta da primeira dama, Michelle, e não R$ 24 mil como havia sido inicialmente descoberto, e nem R$ 40 mil, como disse o presidente, ao tentar explicar o caso quando ele veio à tona no início do ano passado.
Bolsonaro disse que tinha emprestado R$ 40 mil ao “amigo” Queiroz.
O assessor operava o esquema de lavagem de dinheiro montado dentro do gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro, hoje senador. Ele recebia parte dos salários de funcionários fantasmas em uma conta e os repassava para o caixa central do esquema. Neste contexto é que o depósito para Michelle foi detectado.
O Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeira) identificou uma movimentação de R$ 1,2 milhão na conta de Queiroz entre 2016 e 2017 e de R$ 7 milhões entre 2014 e 2017. Entre os esquemas de lavagem, o MP descobriu que Flávio Bolsonaro comprava e vendia imóveis com preços fictícios e usava sua loja de chocolates na Barra da Tijuca para branquear o dinheiro desviado da Alerj.
Fabrício Queiroz mantinha toda a sua família lotada no gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) e sua filha, Nathália Queiroz, no gabinete do então deputado federal Jair Bolsonaro em Brasília.
Entre os funcionários fantasmas que recebiam o salário da Alerj sem trabalhar e repassavam uma parte para Queiroz estavam Daniele Nóbrega, mulher do miliciano foragido Adriano Nóbrega e Raimunda Veras Magalhães, mão do criminoso.
Adriano é o chefe do Escritório do Crime, central de assassinatos de aluguel das milícias do Rio, envolvido na morte da vereadora Marielle Franco.
O Ministério Público do Rio de Janeiro descobriu também que Adriano, chefe da milícia de Rio das Pedras, na zona oeste do Rio de Janeiro, e ex-PM, expulso da corporação, ficava com parte dos valores arrecadados no gabinete do então deputado.
De acordo com o Gaeco (Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção), Adriano Nóbrega fez contato com Danielle por Whatsapp no dia 29 de dezembro do ano passado – período no qual já estava foragido e com a investigação do Caso Queiroz já em curso.
No mesmo dia em que veio a público a investigação por movimentações milionárias, em dezembro de 2018, Queiroz comunicou por Whatsapp a Danielle Mendonça da Costa da Nóbrega, mulher de Adriano Magalhães da Nóbrega, o “Capitão Adriano”, chefe de milícia da zona oeste, que ela estava exonerada do gabinete de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa (Alerj).
Queiroz demonstrou preocupação com a manutenção de Danielle Mendonça como funcionária fantasma na Alerj devido às eleições de 2018 e o receio de que o aumento da exposição do deputado estadual Flávio Bolsonaro levasse a imprensa a descobrir a esposa do miliciano em seu gabinete.
Em mensagem interceptada, Queiroz fala com Daniela Nóbrega:
Queiroz: “sobre seu nome…. não querem correr risco, tendo em vista que estão concorrendo e a visibilidade que estão”.
Queiroz: “estão fazendo um pente fino nos funcionários e família deles”.
Danielle Mendonça acabou sendo exonerada. Em uma conversa com uma amiga em janeiro deste ano ela admitiu que sabia da origem ilícita do dinheiro e que essa situação a incomodava.
Danielle: “enfim amiga… por outro lado, eu não sei se comentei com você, mas eu já vinha um tempo muito incomodada com a origem desse dinheiro na minha vida. Sei lá. Deus deve ter ouvido”.
O MP afirma que Danielle revelou numa outra mensagem que foi o ex-marido quem arrumou a nomeação de funcionária fantasma na Alerj.
Os promotores lembram ainda que Flávio Bolsonaro homenageou Adriano de Nóbrega com moção de louvor pelos inúmeros serviços prestados a sociedade e destacam que Adriano e Queiroz foram amigos de farda.
O MP afirma também que ao nomear a esposa e a mãe de Adriano para cargos comissionados, Flávio Bolsonaro transferiu, ainda que indiretamente, recursos públicos para o acusado de integrar milicia.
Segundo o MP, Adriano interveio junto a Queiroz na tentativa de manter sua ex-esposa Danielle Mendonça da Costa no cargo e admitiu que era beneficiado por parte dos recursos desviados por parentes dele também nomeados na Alerj.
Os salários de Raimunda e Danielle, mãe e mulher do miliciano, somaram, ao todo, R$ 1.029.042,48, dos quais pelo menos R$ 203.002,57 foram repassados direta ou indiretamente para a conta bancária de Queiroz, segundo o MP.
Além desses valores, R$ 202.184,64 foram sacados em espécie por elas. Segundo o MP, isso viabilizaria a “simples entrega em mãos” de dinheiro para o ex-assessor.
O miliciano pediu informações a Danielle sobre a exoneração dela do cargo – Danielle Mendonça era funcionária fantasma do gabinete de Flávio desde 2007 até novembro de 2008. Eles conversam sobre dificuldade financeira enfrentada por ela. Em janeiro, Danielle volta a falar sobre problemas financeiros e Adriano se compromete a ajudar com “um complemento”.
Nessa mesma conversa, o ex-PM foragido afirma que “contava com o que vinha do seu também”, indicando que recebia parte dos valores oriundos de lavagem do gabinete de Flávio. O MP não revela, contudo, o quanto Adriano teria embolsado.
Com o avanço das investigações, vai ficando claro para onde estava indo todo o dinheiro desviado da Alerj no esquema operado por Queiroz. Agora, certamente, além de Daniele, Adriano e outros, Michelle e seu marido também terão que dar novas explicações.
Nada como um dia após o outro.
Há indícios tb de imbróglio do Carlos.
Eta Brasil.
Quem sabe um dia …….
Uma verdadeira novela mexicana com pitadas vividas dentro do submundo das rachadinhas , a novela parece estar longe de acabar