A quebra de sigilo revelou que o gabinete do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) criou e geriu páginas no Instagram que eram usadas para atacar opositores do governo de Jair Bolsonaro.
O deputado federal Túlio Gadelha (PDT-PE), que é membro da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News, requereu ao Facebook, que é dono do Instagram, informações sobre a página “Bolsofeios”, que era usada para atacar opositores do governo.
De acordo com a empresa, o e-mail usado na criação da página foi eduardo.gabinetesp@gmail.com, que é registrado oficialmente pela assessoria de Eduardo. O e-mail era usado pela assessoria de Eduardo para comprar passagens e reservar hotéis.
Além disso, o IP, registro do computador na rede, foi de dentro da Câmara dos Deputados. O telefone utilizado na criação da página foi o do assessor de Eduardo Bolsonaro, Eduardo Guimarães.
Após ser apontada como fábrica de fake news e disseminação de discursos de ódio, ligada ao gabinete de Eduardo Bolsonaro, a página Bolsofeios saiu do ar.
Para o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP), essas são “provas materiais e irrefutáveis de que Eduardo Bolsonaro é um dos líderes da milícia virtual bolsonarista. Pior: usa funcionários e recursos da Câmara na organização criminosa. Já passou da hora de cortar essa mal pela raiz!”.
O envolvimento de Eduardo Bolsonaro nos ataques virtuais já tinha sido adiantado no depoimento da deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP). Ela contou o que sabia sobre os ataques virtuais chefiados por Eduardo depois de ter sido vítima, quando até mesmo seus filhos foram ameaçados.
“Eduardo Bolsonaro está amplamente envolvido” nas milícias digitais, disse Joice, ex-líder do governo no Congresso, em depoimento na CPMI das Fake News.
Na CPMI, ela acusou os irmãos Carlos e Eduardo Bolsonaro de serem “os cabeças, os mentores” do esquema de compartilhamento de fake news – o chamado “gabinete do ódio”, que opera nas redes sociais atuando contra pessoas consideradas inimigas da família Bolsonaro.
“Escolhe-se um alvo. Combina-se um ataque e há inclusive um calendário de quem ataca e quando. E, quando esse alvo está escolhido, entram as pessoas e os robôs. Por isso que, em questão de minutos, a gente tem uma informação espalhada para o Brasil inteiro”, explicou.
Segundo Hasselmann, o “gabinete do ódio” é formado por Filipe Martins, Tercio Arnaud, José Matheus e Mateus Diniz, que recebem dinheiro público para produzir fake news e memes contra ex-aliados e adversários políticos. Ela afirmou que os bolsonaristas utilizam ao menos R$ 491 mil por ano para espalhar fake News na internet.