Queda da Selic a conta-gotas faz recuperação judicial aumentar no país

Foto: Marcello Casal Jr/ Agência Brasil

Taxa a 12,25% ao ano com inflação em queda significa aumento do juro real, o mais alto do mundo, asfixiando as empresas e o consumo das famílias

O volume de pedidos de empresas para a recuperação judicial chegou a 136 no mês de setembro, um aumento de 0,7% em relação ao mês anterior e de 94,3% em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo dados do Indicador de Falências e Recuperação Judicial da Serasa Experian. Um nível tão elevado assim não ocorria desde 2019.

De janeiro a setembro deste ano, 966 empresas entraram com pedido de recuperação judicial. Em setembro, segundo o levantamento, as micro e pequenas empresas lideraram os pedidos de recuperação judicial, foram 88 pedidos. Em segundo, vem as empresas de médio porte (33) e grande porte (15).

Por setor, Serviços foram os que mais demandaram requisições (57), logo atrás vem o Comércio (35), seguido pela Indústria (28). 

INADIMPLÊNCIA DISPARA ATINGINDO 6,59 MILHÕES DE EMPRESAS

No ambiente em que os juros permanecem altos e impondo dificuldades para o caixa das empresas, mais de 6,59 milhões empresas tiveram seus CNPJs carimbado como inadimplentes no mês de setembro. As dívidas  ultrapassaram a soma de R$ 122,2 bilhões nesse período. Já o ticket médio de cada conta atrasada foi estimado em R$ 2.596,30.

Por segmento de atuação, Serviços lideram a lista de empresas negativadas (54,4%), seguida por  Comércio (36,7%) e Indústria (7,6%) vem em terceiro lugar. 

Os indicadores de inadimplência, falências e de recuperação Judicial passaram explodir no Brasil com o avanço da taxa básica de juros do Banco Central (BC), que passou de 2%, em  março de 2021, para os 13,75%, em agosto de 2022, permanecendo assim  até agosto deste ano.

“O que estamos vendo agora é consequência de um processo de aumento de inadimplência que começou em setembro de 2021 e bateu pico histórico no primeiro semestre deste ano”, afirmou o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, ao Valor Econômico.  

Após três cortes de apenas 0,5 ponto percentual pelo Banco Central a partir de agosto deste ano, depois de um ano em 13,75%, a taxa básica de juros (Selic) se encontra hoje em 12,25%, mantendo os brasileiros no topo do ranking mundial de pagadores de juros reais (descontado a inflação). Nesse nível, os juros altos seguem seguem derrubando os investimentos, o consumos de bens e serviços e a geração de novos empregos no país, além de manter o grau de endividamento e de inadimplência das famílias e das empresas nas alturas.

FALÊNCIAS

Apesar de apresentarem o segundo mês consecutivo de queda, os pedidos de falências aumentaram em 24,1%  de um ano para o outro.

Em setembro, ao todo, 72 empresas solicitaram falência, com destaque para as micro e pequenas empresas que lideraram o número de requerimentos (47). Em relação aos setores, o segmento de “Serviços” teve a maior demanda (25), seguido por “Indústria” (24) e Comércio (23).

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