O debate entre os candidatos a governador do Rio de Janeiro foi muito útil por revelar ao grande público os vínculos do desconhecido (agora, nem tanto) candidato do PSC, Wilson Witzel, com o tráfico de drogas e a corrupção política que corroem o Estado.
Como Witzel vem sendo apadrinhado pelo senador eleito Flávio Bolsonaro, não há como evitar que o desgaste também atinja a candidatura de seu pai e a imagem que ela procura transmitir, de pureza e de combate intransigente à corrupção.
Essa imagem não corresponde à realidade.
Bolsonaro passou muitos anos no PP, sem se incomodar com o que ocorria lá dentro. O PP é o partido do doleiro Alberto Youssef, seu ex-presidente Pedro Corrêa está preso desde dezembro de 2013, em consequência da Operação Lava Jato.
De lá, o capitão passou ao PSC, do Pastor Everaldo. No dia 12 de maio de 2016 foi batizado por ele. Não um batismo comum. Bolsonaro foi batizado pelo Pastor Everaldo em grande estilo, nas águas do Rio Jordão, em Israel, com direito a vídeo na mídia social.
Deixar um antro de viciados em propinas, como o PP, e passar a um partido presidido por um homem de Deus – quase um São João Batista – não representa um avanço?
Representaria, se o Pastor Everaldo não estivesse na mira da Lava Jato e não fosse tão parceiro do governador Sérgio Cabral, de Eduardo Cunha e outros expoentes da banda podre do MDB-RJ, que a Lava Jato reduziu à condição de presidiários.
Veio a público no debate, que o filho do Pastor Everaldo, Filipe Pereira, Secretário-Geral do PSC (ex-partido dos Bolsonaro, mas atual partido de Witzel) foi Secretário do governo Cabral (Sec. de Prevenção à Dependência Química), desde 2013. Ocupou também a Subsecretaria da Saúde do governo Pezão, de julho de 2016 a 31 de março de 2018 – só saiu, porque se permanecesse não poderia se candidatar a deputado federal.
Acrescente-se a isso que o ex-diretor da Odebrecht Ambiental afirmou em depoimento de delação premiada que a empreiteira repassou, em forma de caixa dois, R$ 6 milhões ao então candidato a presidente da República Pastor Everaldo (PSC), para ele servir de escada a Aécio Neves nos debates na TV, nas eleições de 2014. Reis contou que pediu ao Pastor para usar todo o seu tempo fazendo perguntas ao Aécio para que o tucano tivesse mais tempo e, assim, mais chance de chegar ao segundo turno.
A verdade é que autoritarismo e honestidade não costumam andar de mãos dadas. (S.R.)