
PIB da construção cai pelo segundo trimestre consecutivo. Juro elevado por um longo período prejudica os investimentos e a geração de emprego, alerta economista
O PIB da construção civil registrou a segunda queda consecutiva no segundo trimestre, um recuo de -0,2%. Nos três primeiros meses deste ano, a retração do setor foi -0,6%. Para a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o resultado reflete o forte impacto dos juros elevados.
“O desempenho reflete os efeitos da taxa de juros, que estão no maior patamar em quase 20 anos e impactam diretamente um setor altamente dependente de crédito. O PIB da construção também abrange pequenas obras e reformas realizadas pelas famílias, que igualmente sentem os efeitos dos juros elevados”, afirmou Ieda Vasconcelos, economista-chefe da CBIC.
O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, calculado e divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na terça-feira (2/9), registrou alta de 0,4% no 2º trimestre na comparação com o 1º trimestre, na série com ajuste sazonal, “o que correspondeu a uma forte desaceleração em relação ao resultado alcançado nos primeiros três meses do ano (1,3%)”, ressaltou a economista.
Para Ieda Vasconcelos, apesar dos resultados positivos na comparação com o ano passado, a permanência da taxa Selic em 15% “por um longo período”, conforme reafirmou recentemente o presidente do Bcanco Central, Gabriel Galípolo, “prejudicam os investimentos e a geração de emprego”, com “o mercado de trabalho já sentindo os efeitos do atual patamar dos juros”.
“A Pesquisa Focus, divulgada semanalmente pelo Banco Central, projeta que a taxa de juros permanecerá elevada nos próximos anos e voltará ao patamar de 10% somente em 2028. E isso preocupa. Juros altos prejudicam os investimentos produtivos da economia e consequentemente a geração de emprego e renda”, alertou a economista.
“De janeiro a março/25 o setor gerou 100.781 novos empregos formais e de abril a junho/25 foram 57.494. Já o saldo de novas vagas em julho (19.066) foi o melhor desde abril/25 (31.487), mas mesmo assim foi um patamar menor do que o observado nos três primeiros meses do ano”, observou Ieda Vasconcelos em sua análise sobre o resultado do PIB da Construção Civil.
Entre janeiro e julho deste ano, a construção civil gerou 177.341 novos empregos formais, ultrapassando a marca de três milhões de trabalhadores com carteira assinada, “patamar que não era alcançado há mais de uma década”, destacou.