Com a queda na renda e o aumento do desemprego atingindo milhões de brasileiros, em janeiro a retirada de recursos da caderneta de poupança foi recorde. O saque a mais do que foi depositado atingiu o montante de R$ 18,153 bilhões. O pior resultado desde o início da série histórica, iniciada em 1995, segundo divulgou o Banco Central (BC) na quinta-feira (4). No primeiro mês do ano, os brasileiros depositaram na caderneta de poupança cerca de R$ 216,9 bilhões. Já os saques totalizaram R$ 229,3 bilhões.
Na virada do ano, com a renda apertada, já sofrendo os efeitos da disparada nos preços dos alimentos básicos e da conta de luz no final do ano passado, os brasileiros se depararam com os aumentos alucinados no plano de saúde, aluguel, material escolar, transporte, combustíveis e tiveram que recorrer à caderneta de poupança.
Em 2020, diante da crise sanitária e do agravamento da crise econômica com uma série de atividades econômicas paralisadas com o objetivo de salvar vidas e conter o avanço da Covid-19, os brasileiros ficaram em casa, não gastaram e recorreram à tradicional caderneta de poupança para guardar suas economias e se prevenir do pior. Trabalhando e comendo em casa, sem viagens, sem festas, sem comércio, sem passeio com a família, sem maiores gastos a opção foi guardar o dinheiro o que levou no ano passado a captação da caderneta atingir R$ 166,31 bilhões em recursos, o maior valor anual da série histórica.
A secular caderneta de poupança, que completou 160 anos no dia 12 de janeiro deste ano, é a única aplicação confiável para milhões de trabalhadores e aposentados, mesmo, atualmente, rendendo menos do que a inflação.
Desde 1861 nunca rendeu menos do que 6% ao ano, segundo a Caixa Econômica Federal. A partir de 2012, sofreu um duro golpe ao ser atrelada à taxa Selic, um percentual de 70% da taxa de juros básicos da economia (Selic) quando ela atingisse 8,5% ou menos, impedindo que o “pé de meia” do trabalhador rendesse mais do que 6% ao ano.
A inflação oficial (IPCA) encerrou o ano passado em 4,52%, a taxa Selic ficou em 2%. Em doze meses terminado em janeiro, a poupança rendeu apenas 1,97%, segundo o Banco Central.