O número de queimadas na Amazônia no mês de julho foi de 6.803, um crescimento de 28% em relação ao ano passado, aponta o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Em 2019, os 5.318 focos de incêndios identificados já significavam um crescimento de 278% em relação a 2018.
Somente no dia 30 de julho deste ano aconteceram 1.007 incêndios na floresta. Segundo o Greenpeace, “esse é o número mais alto registrado desde 2005. Neste mesmo dia, no ano passado, foram 406 focos”.
“O fato de ter mais de mil focos de calor em um único dia, recorde dos últimos 15 anos para o mês de julho, mostra que a estratégia do governo de fazer operações midiáticas não é eficaz no chão da floresta”, argumenta a entidade.
Segundo ela, as terras indígenas e reservas protegidas foram mais atingidas em comparação a 2019. Os incêndios aumentaram 77% nas terras indígenas e 50% em reservas.
A falta de ação do governo Bolsonaro para impedir tem preocupado empresários, uma vez que pode dificultar a exportação de produtos brasileiros. Um grupo se reuniu com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para pedir ações por parte do Congresso.
Maia se comprometeu em formar uma Comissão para vigiar mais de perto as ações do governo federal.
A ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou que o decreto de Jair Bolsonaro que proíbe as queimadas por 120 dias é para inglês ver. Foram proibidas as queimadas causadas por pesquisas científicas ou por comunidades tradicionais.
“Não será apenas por meio de um decreto que o governo conseguirá conter as ações criminosas apontadas como uma das responsáveis por esse aumento”, disse.
Em agosto de 2019, o diretor do Inpe, Ricardo Galvão, foi exonerado por ter sustentado contra Jair Bolsonaro que os dados que apontavam para o crescimento dos incêndios eram verdadeiros.
Ele começou a ser acusado por Bolsonaro, inclusive pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, de estar a serviço de ONGs internacionais.
No dia 13 de julho, a coordenadora de Observação da Terra do Inpe, Lubia Vinhas, foi tirada de seu cargo depois de ter divulgado números que mostram o aumento do desmatamento na Amazônia.
Ela alertou que os dados sobre as queimadas e o desmatamento iriam aparecer e não seria “bonitinho”.
“Me dói um pouco essa narrativa de que estamos jogando contra o governo, dando uma informação para atrapalhar o governo, enquanto que a única coisa que fazemos é ser transparente para que tenhamos credibilidade”, reclamou.