
Documentário recém-lançado revela o assassino da mais afamada jornalista da rede Al Jazeera, Shireen Abu Akleh, quando cobria ataque israelense contra a cidade palestina Jenin
O documentário intitulado “Quem matou Shireen?”, dirigido por Dion Nissenbaum, finalmente revela o nome do assassino da mais reconhecida e veterana jornalista palestina atuando pela rede Al Jazeera em Israel e Palestina.
Shireen era admirada e servia de inspiração a muitos palestinos e palestinas que resolveram, apesar dos riscos, assumir a profissão do jornalismo e relatar o desvario fascista israelense durante o genocídio em curso perpetrado pelas forças de ocupação hoje sob o comando do criminoso de guerra Netanyahu.
A jornalista, filha de palestinos, tem também a nacionalidade norte-americana e, no entanto, apesar das promessas da Casa Branca, de investigar o assassinato, até aqui o criminoso foi encoberto tanto por Israel quanto pelos Estados Unidos.
Segundo denuncia o documentário, o assassino é Alon Scagio.
Até aqui, o máximo a que se chegara, em termos de localizer o autor dos disparos que vitimaram Shireen, foi a declaração da Casa Branca de que “se concluiu que um soldado israelense a alvejou intencionalmente”.
O cineasta acusa: “Encontramos algumas evidências preocupantes de que ambos, Israel e o governo Biden, ocultaram o assassinato de Shireen e permitiram que o soldado saísse sem qualquer responsabilização”.
O irmão de Shireen, Anton Abu Akleh, afirma que o documentário “é realmente importante” para sua família.
“Tenho certeza que ele vai jogar mais luz e provar que ela foi atacada sistematicamente, assim como outros jornalistas na Palestina, pela força israelense”, completou.
O documentário traz entrevistas exclusivas com funcionários de Washington e soldados israelenses, assim como jornalistas que conheceram Shireen.
“Nossa esperança é que as pessoas sejam lembradas da dimensão de um ícone como Shirreen”, disse o cineasta Nissenbaum.
A SANGUE FRIO
Há exatos três anos, no dia 11 de maio de 2022, Abu Akleh estava usando um capacete e um colete claramente marcados com a palavra PRESS (Imprensa) quando foi assassinada ao cobrir o ataque das tropas de Israel a Jenin.
A rede Al Jazeera, para a qual Shireen trabalhava, foi a primeira a denunciar o “assassinato a sangue frio”.
Órrgãos de imprensa, grupos de direitos humanos e a ONU investigaram o caso e todos concluíram que a jornalista foi assassinada por soldados israelenses de forma deliberada.
Israel tentou, inicialmente, se livrar do crime dizendo que ela fora vítima de tiros de palestinos da Resistência, mas tiveram que voltar atrás (pois todas as fotos e filmagens diziam o contrário, que não havia palestinos armados na região) e reconhecer que suas tropas foram responsáveis pela morte, mas mantendo que teria sido “um acidente”.
Passou-se um ano para que os militares israelenses dissessem “lamentar profundamente” a morte de Shireen, mas que não iriam lançar qualquer investigação para descobrir o autor do crime.
Os Estados Unidos pararam de exigir de Israel uma investigação criminal, como se Washington estivesse satisfeito com a declaração de pesar israelense.
O assassinato de Shireen foi o primeiro a comover mundialmente pelo crime contra a imprensa, ao revelar o tratamento violento recebidos pelos jornalistas palestinos por Israel. Agora, no maior massacre de profissionais de imprensa de toda a história, já foram assassinados 214 jornalistas palestinos desde o genocídio intensificado em outubro de 2023.
Ao denunciar o morticínio deliberado de jornalistas, a organização Repórteres Sem Fronteiras destacou que dezenas dos jornalistas foram mortos quando, identificados por seus coletes, exerciam sua profissão em campo.
A notícia da morte da jornalista causou uma enorme comoção por toda a Palestina fazendo com que dezenas de milhares acompanhassem a passagem do seu caixão em seu trajeto por Jenin, Nablus, Ramallah e Jerusalém onde a polícia israelense tentou, a cassetete, parar o cortejo fúnebre, chegando a derrubar o caixão que logo foi reerguido pela multidão.
Veja essas deprimentes cenas no vídeo a seguir: