
Quase um mês após o atentado à produtora Porta dos Fundos, ao menos quatro terroristas não foram identificados pela investigação da Polícia Civil do Rio de Janeiro. O único que teve sua identidade revelada, Eduardo Fauzi, saiu do país um dia antes de ter sua prisão decretada.
O ataque à produtora aconteceu no dia 24 de dezembro e teve sua autoria assumida pelo intitulado “Comando Insurgência Popular Nacionalista da Grande Família Integralista Brasileira”, em vídeo divulgado nas redes sociais. O crime ocorreu após o lançamento de um filme na plataforma de streaming Netflix: “Especial de Natal Porta dos Fundos: A Primeira Tentação de Cristo”.
Com base nas imagens das câmeras de segurança, os investigadores afirmam que cinco pessoas participaram do ataque, mas apenas Eduardo Fauzi teria sido.

Ele é presidente da Associação dos Guardadores de Carro São Miguel e possui ligações com uma milícia que atua no centro do Rio de Janeiro.
Em 31 de dezembro, a Polícia Civil cumpriu mandados de busca e apreensão em quatro endereços ligados a Fauzi na Barra da Tijuca, na Zona Oeste, no Engenho Novo, na Zona Norte, e no Centro da Cidade.
Foram apreendidos R$ 119 mil em dinheiro na casa dele em um condomínio na Barra da Tijuca. Também foram encontrados e apreendidos uma arma falsa, munição, camisa de entidade do Movimento Integralista e quatro computadores.
De acordo com a polícia, a identificação de Fauzi foi possível por meio de um cruzamento de informações de escutas telefônicas autorizadas pela Justiça no último dia 26, e também pela pesquisa de imagens em cerca de 50 câmeras.
Um dia antes de ter a prisão, pelo crime de tentativa de homicídio por explosão, decretada pela Justiça, o terrorista viajou para a Rússia. Atualmente, ele é considerado foragido.
De fora do país, ele assumiu ser um dos autores do atentado e comemorou a decisão de um desembargador do Rio de Janeiro de censurar o vídeo do Porta dos Fundos. “Estou muito feliz. Anauê!”, disse Eduardo Fauzi em vídeo, após confessar a autoria do ataque terrorista afirmando: “O Brasil tem macho para defender a igreja de Cristo e a Pátria brasileira”.
Fauzi diz ainda que não pretende retornar ao Brasil enquanto as acusações permanecerem. Segundo seus advogados, ele se dispõe a prestar depoimento direto da Rússia, por videoconferência desde que tenha benefícios como a redução da pena. Mas Fauzi diz que nunca denunciaria os outros quatro suspeitos: “Nunca. Não vou delatar ninguém”.
A Polícia Civil do Rio informou em nota apenas que “as investigações correm sob sigilo”, sem maiores detalhes.