Algumas pessoas ficaram curiosas para entender porque Michel Temer usou o feriado de 15 de Novembro para fazer demagogia sobre a República em Itu, no interior de São Paulo. Logo que ele começou com sua verborragia pseudo-histórica ficou tudo muito claro. É para esta época que o chefe da quadrilha do PMDB está tentando retroceder o Brasil. Foi ali, em 1873, por exemplo, que Luiz Gama, o líder abolicionista, tentou, sem sucesso, aprovar as ideias da abolição entre os oligarcas republicanos de São Paulo. Luiz Gama se retirou do encontro, mas é exatamente nos escravocratas empedernidos que permaneceram que Temer busca sua inspiração, se é que uma mediocridade como ele tem alguma.
Quem pretende impôr uma reforma trabalhista, como a deste governo, que arranca o sangue dos trabalhadores, que tira praticamente todos os seus direitos – ao instituir a “livre negociação”, tornando letra morta toda a legislação trabalhista-, quem quer jogar as aposentadorias para a hora da morte – ou depois dela -, quem tenta acabar com a fiscalização do trabalho escravo e outras aberrações desse tipo, não podia se sentir melhor do que junto a escravocratas apodrecidos e saudosos deste passado tenebroso e remoto. Por isso ele disse que ali se sentia em casa.
Repudiado por 97% da população, Temer encheu a boca em Itu para falar que o Brasil tem uma “tendência ao autoritarismo”. Não é à toa que ele fala sobre isso exatamente num momento como este, em que o Brasil inteiro quer vê-lo pelas costas, ou melhor, na cadeia. Quem rouba descaradamente, quem destrói o país leiloando toda a sua riqueza, quem compra votos a torto e a direito para fugir da mira da Justiça, em suma, quem afronta o país como Temer está fazendo, não pode pensar em outra coisa a não ser em virar um ditadorzinho, ou um coronel de meia tigela qualquer. Acha que pode seguir se comportando como um poodle de banqueiros, de latifundiários escravocratas e de multinacionais e que tudo vai ficar por isso mesmo. Está muito enganado.
Essa oligarquia submissa e saudosa do escravagismo, que Temer insiste em ser porta-voz, não representa São Paulo e muito menos o Brasil. São Paulo é a terra de Siqueira Campos, líder dos tenentes, de Ulisses Guimarães, inspirador da constituição cidadã – que agora Temer quer rasgar. É a terra de José Bonifácio, figura gigante da nossa independência, ao contrário do pigmeu peemedebista, que só pensa em roubar, que só faz se esfregar nos monopólios estrangeiros como um sabujo e que tem ideia fixa de entregar todo o nosso patrimônio em troca de propina. Aliás, uma especialidade sua.
Em suma, como disse o velho Ulisses, o Brasil e São Paulo não condecoram mediocridades, não aliviam ladrões e nem traidores rastaqueras como Temer e os demais integrantes de sua quadrilha e de seu desgoverno. O Brasil saberá dar um destino a esses idiotas que, com a ajuda do PT, momentaneamente se aboletaram no Palácio Planalto para infernizar a vida do país e do povo. Mais cedo do que eles pensam, vão todos se juntar aos silvérios, aos calabares e aos demais sacripantas, onde é o lugar dessa gente toda: na lata de lixo da história.
SÉRGIO CRUZ