A direção da rádio Jovem Pan acabou admitindo, em nota, que o afastamento do historiador e apresentador, Marco Antonio Villa, foi motivado por seus comentários contra as manifestações bolsonaristas.
De acordo com a nota divulgada pela rádio, o “respeito ao público impõe aos seus comentaristas limites que separam a crítica substantiva da adjetivação grosseira”.
A rádio se refere ao comentário feito por Villa antes das manifestações bolsonaristas do dia 26 que atacavam o STF, o Congresso e a imprensa. Durante o programa “Jornal da Manhã” do dia 24, o comentarista político afirmou que Jair Bolsonaro não tem “compostura, preparo, articulação política e reforça a crítica ao parlamento, estimulando atos neonazistas, como do próximo dia 26, que é claramente no sentido de fechar o Supremo [Tribunal Federal, STF], o Congresso e impor a ditadura”.
Essa foi a última participação de Marco Antônio Villa na rádio, que suspendeu seu contrato logo depois disso.
Em sua resposta, Marco Antônio Villa afirmou que é “defensor da democracia e contra a ditadura, contra as pessoas que querem fechar o STF, invadir o Congresso Nacional, e aí incluem os nazistas, neonazistas”. “Eu não acho que isso foi uma deselegância, adjetivação, isso é conceituar, e assim sempre fui durante os anos em que estive na rádio”, rebateu.
“Quando alguém defende o fechamento do Supremo e a invasão do Congresso, isso é o neonazismo, sim. Eu não defendo essas pautas, e essas pautas estavam sendo colocadas [na manifestação do dia 26], sim. Isso é uma concepção autoritária e totalitária porque nega a existência de oposição e Constituição. Estou do lado do polo democrático, portanto não há nada grosseiro”.
Para o comentarista, o astrólogo Olavo de Carvalho é parte importante desse autoritarismo bolsonarista. “É claro que os extremistas não gostam de mim porque sou um defensor da democracia, e sempre apontei no Olavo de Carvalho a raiz autoritária, chamando-o de Jim Jones [líder de uma seita religiosa que levou mais de 900 pessoas ao suicídio]. E ele me xingou violentamente, colocando até a minha mãe. É um sujeito de nível rasteiro”, concluiu.
Bolsonaro vestiu a carapuça e teve que vir a público se explicar, nas redes sociais, e dizer que não pediu a demissão de Villa.
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