“Eu pedi para ele [Trump] dizer ao Marco Rubio que converse com o Brasil sem preconceito. Porque naquelas entrevistas que ele deu parece que tem um certo desconhecimento da realidade do Brasil”, declarou, em entrevista, o presidente
O presidente Lula afirmou, em entrevista à TV Mirante, do Maranhão, que “não tem assunto proibido” nas conversas com Donald Trump e que vai negociar “o que for bom”.
“Ele quer o melhor para o povo americano, eu quero o melhor para o Brasil. E, nessas conversas, é um jogo de ganha-ganha, não é um jogo de perde-perde”, descreveu.
Contando sobre o telefonema que teve com Trump na segunda-feira (6), Lula relatou ter dito ao presidente dos Estados Unidos que está “disposto a discutir a Venezuela, estou disposto a discutir a Rússia, estou disposto a discutir a Ucrânia, estou disposto a discutir a Faixa de Gaza, estou disposto a discutir Minas Gerais, estou disposto a discutir terras raras”.
“Não tem assunto proibido entre dois chefes de Estado. O que for bom para a gente fazer, que envolva os trabalhadores, que envolva a sociedade, que envolva empresários, que a gente respeite a questão ambiental”, continuou.
“Eu não quero saber ideologicamente o que o Trump pensa, ele não tem que querer saber o que eu penso. O que eu quero saber é que nós dois somos chefes de Estado. E é com essa responsabilidade, com essa procuração do povo dos dois países que a gente tem que se entender”, acrescentou.
A tensão entre o governo dos EUA e o Brasil tem crescido desde que Donald Trump decidiu impor taxas de 50% contra produtos brasileiros e tentou, por meio dessa pressão, interferir no Judiciário para jogar uma bóia para Jair Bolsonaro.
O governo Trump rejeitou todas as aproximações do governo brasileiro para negociações. Agora, após o efeito das sanções e das tarifas terem efeito limitado, os EUA aparentam querer negociar.
“O que ficou acertado é que a partir de amanhã eles vão fazer uma discussão sobre o Brasil e depois o secretário de Estado [Marco Rubio] deles vai procurar o nosso governo”, relatou Lula.
“O Marco Rubio vai começar a conversar com o nosso pessoal. Eu pedi para ele [Trump] dizer ao Marco Rubio que converse com o Brasil sem preconceito. Porque naquelas entrevistas que ele deu parece que tem um certo desconhecimento da realidade do Brasil”.
Ainda na entrevista, Lula disse que “no terminar da conversa ele me deu o telefone pessoal dele, e eu dei o meu para que a gente não precise de intermediário para fazer as coisas boas para os EUA e para o Brasil”.
“Quando eu tiver um assunto político grave para tratar com o presidente Trump, ou ele comigo, não precisamos esperar que a liturgia marque data. Pega o telefone, liga um para o outro e coloca o assunto na mesa. É assim que a gente vai resolver”, destacou.
