O tenente-coronel Rafael Martins de Oliveira, que foi preso pela Polícia Federal tentar assassinar Lula, Alckmin e Moraes, utilizou os dados que roubou em um acidente de carro para esconder sua identidade no curso do golpe.
Ele e os outros membros da quadrilha compraram chips de celular novos e os desbloquearam usando dados de pessoas que não tinham qualquer ligação com os crimes que estavam sendo praticados.
Em seu caso, Rafael Martins de Oliveira utilizou os dados de Lafaiete Teixeira. O objetivo era dificultar o mapeamento de envolvidos no plano para matar Alexandre Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
Ele conseguiu esses dados após um acidente de carro sofrido entre os dois, em novembro de 2022, na BR-060, no sentido Brasília-Goiânia. Na ocasião, Rafael Martins tirou uma foto da carteira de motorista (CNH) de Lafaiete.
A PF encontrou no celular do militar bolsonarista essa foto.
Os investigadores confirmaram que foi o próprio Rafael quem tirou a foto, através da comparação da digital do dedo que aparece na foto com a dele constante em bancos de dados.
Essa prática de roubar a identidade de outras pessoas, segundo a PF, é conhecida como “anonimização”, e está “prevista na doutrina de Forças Especiais do Exército que possui como finalidade não permitir a identificação do verdadeiro usuário do prefixo telefônico”.
O grupo criminoso, que tentou assassinar, entre novembro e dezembro de 2022, o presidente eleito Lula, seu vice Geraldo Alckmin, e o então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, utilizava codinomes nas conversas.
O de Rafael Martins era “Alemanha”. De acordo com a PF, ele “exercia o papel de liderança do grupo”.
Lafaiete Teixeira contou ao portal de notícias Metrópoles que ficou sabendo do uso ilegal de seus dados para o cometimento do assassinato depois que a Polícia Federal deflagrou a operação contra os militares. “Comecei a receber ligações”, relatou.
“No momento, estou com medo. Em choque”, continuou. “Não sei o que pode vir a acontecer”, desabafou Lafaiete.