A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) prorrogação por mais 60 dias, de inquérito que investiga o senador Aécio Neves (PSDB) por recebimento de R$ 50 milhões em propina da Odebrecht e da Andrade Gutierrez. Neste inquérito, ex-executivos da Odebrecht afirmam que o tucano teria defendido os interesses da empreiteira nas usinas hidrelétricas do Rio Madeira, Jirau e Santo Antônio.
Marcelo Odebrecht informou que a Odebrecht teria que pagar R$ 30 milhões e a Andrade Gutierrez, R$ 20 milhões. Os ex-executivos dizem que repasses eram acertados com o ex-diretor de Furnas Dimas Toledo, participante do esquema do tucano. A maioria dos depósitos foi feita em uma conta em Cingapura controlada por Alexandre Accioly, empresário amigo de Aécio, que é dono da rede de academias Bodytech. Aécio, Dimas e Acciolly foram chamados pela PF a depor nos dias 29 e 30 de março.
Raquel Dodge quer saber mais sobre encontros entre Marcelo Odebrecht e Aécio Neves no período de 2008, quando as negociações para os repasses de propina foram realizadas. O colaborador relatou que o valor foi acertado com o tucano em uma reunião no Palácio das Mangabeiras, residência oficial do governador de Minas, em maio daquele ano, quando Aécio ainda era governador.
“Embora não existam registros de entrada no Palácio das Mangabeiras, é possível que o encontro entre Marcelo Odebrecht e Aécio Neves conste da agenda oficial do então Governador de Minas Gerais ou ainda que a Odebrecht tenha o registro de voo do colaborador Marcelo Odebrecht a Belo Horizonte. Assim, solicita-se que a autoridade policial diligencie nesse sentido”, diz o requeirmento.
A procuradora-geral também pede ‘a análise da representação para acesso às equipes de investigação dos dados integrais dos sistemas de comunicação (“Drousys”) e contabilidade paralela (“Mywebday”) do grupo Odebrecht’ e ‘a realização de perícia sobre os sistemas, bem como a produção de informações policiais e relatórios a respeito dos dados encontrados; além das oitivas do Senador Aécio Neves, de Dimas Toledo e Alexandre Accioly’.
Dodge ainda aponta como pendentes respostas ‘acerca da homologação dos acordos de colaboração e/ou leniência dos executivos da Andrade Gutierrez e suas oitivas’ e registros da entrada do delator da Odebrecht Henrique Valladares na sede da empresa.