A Receita Federal multou empresários ligados a Jair Bolsonaro por manobras fiscais fraudulentas e evitar pagar mais de R$ 650 milhões em impostos.
A Receita aponta fraude na operação de compra e venda de uma aeronave e em documentos de para recolhimento de direito previdenciário.
O levantamento feito pelo jornal Folha de S. Paulo aponta que oito empresários apoiadores do governo devem R$ 650 milhões, divididos entre o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) e a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN).
Luciano Hang, dono das lojas Havan, deve R$ 57,9 milhões para a Receita Federal, R$ 13,2 milhões para a PGFN e R$ 123 milhões parcelados pelo último Programa de Recuperação Fiscal (Refis).
Em 2013, as lojas do bolsonarista foram multadas por ter tentado enganar a Receita Federal apresentando um documento que comprovaria um crédito que ele teria, que abateria uma parte dos impostos previdenciários.
A Receita Federal afirmou que o crédito apresentado nunca existiu e encaminhou o caso para o Ministério Público Federal em Santa Catarina. Com valores atualizados, ele deve R$ 2,5 milhões.
Dez anos antes, em 2003, Luciano Hang fez a mesma coisa e chegou a ser condenado pela Justiça, mas fez um acordo e se livrou da pena.
Em janeiro de 2020, os empresários Salim Mattar, um dos fundadores da Localiza e atual secretário de Desestatização do Ministério da Economia, e Rubens Menin, co-fundador da MRV Engenharia e do Banco Inter recorreram ao Carf por uma multa aplicada pelo fisco que, em valores atualizados, é de R$ 140 milhões.
Eles foram multados pela compra irregular de um jato executivo da marca Falcon, em 2011. Eles fizeram um pagamento de R$ 4 milhões para a fabricante do avião, a Dassault, e também abriram um financiamento no Bank of America.
Os empresários bolsonaristas afirmam que não são donos da aeronave, apenas faziam o uso exclusivo em contrato de aluguel com a Líder Táxi Aéreo.
A PGFN informou que o débito foi lançado há 10 dias e continua em aberto.
Também estão na lista de empresários em disputas com o fisco e a PGFN os bolsonaristas Flávio Rocha, dono das lojas Riachuelo, Junior Durski, dono dos restaurantes Madero, Edgar Corona, dono da Smartfit e Sebastião Bonfim, dono das lojas Centauro.