Uma equipe especial da Receita Federal encontrou indícios que responsabilizam bancos e instituições financeiras em crimes apurados pela Operação Lava-Jato. Segundo relatório do Fisco sobre a atuação na operação, foram identificados omissões por parte dos bancos e financeiras em contratos de câmbio utilizados para lavagem e envio de dinheiro desviado para o exterior, incluindo a não comunicação a órgãos competentes sobre operações suspeitas – conforme obrigado por lei.
As operações, companhias e as pessoas envolvidas não foram divulgadas, mas, segundo reportagem do Estadão, um dos casos está relacionado a empresas de fachada utilizadas por Alberto Youssef e Leonardo Meirelles para fazer contratos de importação e exportação falsos para lavar dinheiro desviado e enviá-lo para paraísos fiscais. Essas empresas teriam movimentado cerca de US$ 200 milhões em contratos de câmbio fraudulentos por meio do Bradesco, Citibank, Sofisa e Rendimento.
Esses bancos permitiam a celebração de contratos de câmbio com firmas sem habilitação, sem a coleta da assinatura do representante da empresa, sem comprovação da origem dos recursos movimentados e sem a solicitação de identificação dos beneficiários das remessas. Por fim, também não eram comunicados ao Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) as suspeitas de remessas fraudulentas e em alguns casos, só havia comunicação após a publicação na imprensa da prisão dos envolvidos.
Um dos indícios da omissão dos bancos foi a sanção por Michel Temer da lei que garante que o Banco Central e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) firmem acordos de leniência com empresas e pessoas físicas em troca de colaboração com investigações em curso.