A obra reúne professores, advogados, psicólogos sociais e neurocientistas em debate sobre como se contrapor aos métodos antidemocráticos usados pelo bolsonarismo na atual guerra cultural em curso
No próximo dia 28 de abril, quinta-feira, às 16 horas, em Porto Alegre, será lançado o livro “Reconstruir a Democracia -União de amplas forças políticas e sociais para a luta ideológica”. O livro é organizado pelo ex-deputado constituinte e um dos grandes batalhadores pela democracia, Aldo Arantes.
O evento ocorrerá na Sala Mário Quintana e contará com a presença da organizadora do livro, de Renata Mieli, João Cesar e Lúcio Dias. “Este livro é fruto de um trabalho muito importante de um grupo interdisciplinar, coordenado pela Associação de Advogados pela Democracia, Justiça e Cidadania, que contou com a participação de professores, advogados, psicólogos sociais, hackers e neurocientistas”, diz Aldo Arantes.
O livro, segundo seu organizador, “faz um diagnóstico da guerra cultural mostrando a importância e o papel que esta guerra tem tido no avanço da extrema direita no mundo”. É, segundo ele, “uma nova forma de golpe. No passado se davam golpes militares. No neoliberalismo, para implantar sua política a favor do mercado, eles viram que era necessário derrubar governos que se opunham a essa política.”
“Substituíram os golpes militares pela guerra cultural, golpe branco, que busca conquista a mente das pessoas, da hegemonia cultural, se apropriando da experiência de Steve Bannon, que colocou em prática esse tipo na Inglaterra e nos EUA e que assessorou o próprio Bolsonaro na campanha de 2018”, prosseguiu Aldo Arantes.
Ele destacou que estes grupos “estimulam o ódio, a violência , com um programa extremamente reacionário, conservador, baseando-se exatamente nos setores mais conservadores e reacionários da sociedade e procurando organizar forças neofascistas no país”. Tudo isso, prossegue o ex-parlamentar, “usando a mentira, as fake news, usando o lawfare, manipulação do direito como arma política, que foi usado, inclusive, contra o ex-presidente Lula”.
João Cesar, que estará presente, é hoje um dos maiores especialistas da guerra cultural. Segundo Aldo, “ele mostra, inclusive em um livro dele, “Guerra Cultural e a Retórica do Ódio, além de ter participado do nosso, que as esquerdas subestimaram a guerra cultural. Esta guerra é extremamente atual, ela vai estar presente nas eleições deste ano. O João Cesar fala exatamente numa poderosa ‘midiosfera bolsonarista’, que é uma articulação de forças para colocar em prática as ideias bolsonaristas, inclusive, conseguindo muito recursos com isso”.
“Isso tudo permite que esses ‘influencers’ ganhem muito dinheiro. Por isso temos que trabalhar na construção de uma proposta alternativa. O que o livro levanta é a necessidade de se contrapor à guerra cultural. Fazer uma discussão ampla de conteúdo democrático para desmontar o conteúdo bolsonarista antidemocrático. Tudo isso é muito importante para garantir o resultado das eleições, mas também para fragilizar essas ideias que ganharam muita força no Brasil”, argumentou Aldo Arantes.
O professor Mamede Said, ex-diretor da Faculdade de Direito da UNB, participante do livro organizado por Aldo Arantes, também comentou ao HP o lançamento da obra em Porto Alegre.
“O livro Reconstruir a Democracia: união de amplas forças políticas e sociais para a luta ideológica” reúne textos de grande significado para as forças progressistas em seu esforço por fazer frente ao bolsonarismo e aos retrocessos que seu projeto político autoritário vem sustentando”, disse o professor.
Ele destacou a importância da iniciativa de Aldo Arantes. “Uma iniciativa de Aldo Arantes, grande combatente das lutas pela democracia, o livro dialoga com o momento que o país vivencia, apresentando propostas que são capazes de unificar diferentes segmentos políticos nas disputas de natureza ideológica que ora se travam. O livro representa, por si só, um vigoroso instrumento de combate para a superação do atraso e a retomada das liberdades públicas”, afirmou Mamede Said.
Enoque Feitosa, professor de Direito da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e um dos participantes do livro, foi outro que comentou ao HP sobre o lançamento do livro na próxima quinta-feira. Ele destacou a importância da obra para a democracia brasileira.
“A relevante obra sobre guerra cultural, idealizada e organizada por Aldo Arantes, representa uma contribuição decisiva na compreensão do momento em que vivemos , de resistência contra as tentativas de fascistização do país”, disse o professor da UFPB.
“Nessa luta, Aldo Arantes segue coerente com sua trajetória desde a presidência da UNE, durante o governo João Goulart, passando pela resistência à ditadura, na luta pela redemocratização e na Constituinte e, atualmente, na ABJD, congregando os juristas em defesa da soberania e da democracia”, afirmou Enoque.