PGR diz ter encontrado material postado e apagado em seguida pelo ex-presidente. Conteúdo é considerado, pelo Supremo, peça-chave em investigação. Defesa questiona no STF vídeo sobre 8 de janeiro
A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) questionou a recuperação, informada pela PGR (Procuradoria-Geral da República), de vídeo postado e apagado no Facebook pelo ex-chefe do Executivo, em 10 de janeiro, 2 dias após os atos golpistas de 8 de janeiro, em Brasília.
Os advogados de Bolsonaro alegam que não há como comprovar que se trata do mesmo vídeo e pede perícia do material. A gravação, compartilhada por Bolsonaro, questionava o resultado das eleições de 2022, da qual saiu derrotado.
O vídeo é considerado peça-chave, pelo Supremo, na investigação sobre a participação de Bolsonaro nas invasões das sedes dos Três Poderes, em Brasília.
Após a postagem, ele passou a ser alvo do inquérito que apura quem foram os incitadores dos atos antidemocráticos.
A expectativa é que a investigação seja tocada pelo novo procurador-geral da República, Paulo Gonet, que foi indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e chancelado pelo Senado, dia 13.
CHICANA DA DEFESA
A preservação do vídeo havia sido solicitada pela PGR ao STF (Supremo Tribunal Federal) ainda em janeiro, mas o grupo Meta — responsável pela rede social —, informou que o conteúdo não estava mais disponível, porque só havia sido notificada da decisão em agosto.
De acordo com a defesa de Bolsonaro, a SPPEA (Secretaria de Perícia, Pesquisa e Análise) da PGR limitou-se a encontrar vídeo “com teor semelhante” ao que teria sido compartilhado pelo ex-presidente.
“A noção de que o vídeo recuperado reflete fielmente o conteúdo do vídeo deletado é uma conjectura sensível, porém, longe de ser uma afirmação incontestável. Aferir que ambos os vídeos são idênticos sem uma análise técnica aprofundada, capaz de rastrear e comparar minuciosamente o conteúdo, é um passo audacioso, para não dizer indevido e irresponsável”, argumentou a defesa do ex-presidente.
Os advogados alegam ainda que nem sequer Bolsonaro “poderia atestar a fidedignidade do conteúdo do vídeo em comento, uma vez que não o assistiu, mas apenas o compartilhou” na rede social.
A defesa voltou a afirmar que o ex-presidente fez isso “por engano”, enquanto tentava enviá-lo para si mesmo pelo WhatsApp, com a intenção de assisti-lo posteriormente.
MENTIRA DESLAVADA
Em depoimento à PF (Polícia Federal), em abril, Bolsonaro alegou que estava sob efeitos de remédios no dia em que postou o vídeo após os atos golpistas em Brasília. O ex-presidente teria sido internado com fortes dores abdominais, nos Estados Unidos, e tomado morfina.
Mentiroso compulsivo e muito chegado a uma fake news, o ex-presidente acaba acreditando nas próprias mentiras, que só os seguidores mais fanáticos acreditam.
M. V.