O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) em seu último periódico, divulgado na sexta-feira (20), contrapôs a realidade da indústria de transformação em um balanço sobre 2019 às expectativas de crescimento e foi categórico na análise de que a indústria está em um “período recessivo que se estende pelos últimos quatro trimestres”.
“A indústria não tem conseguido crescer em 2019. Até o momento, o atual período recessivo se estende pelos últimos quatro trimestres consecutivos, sendo que entre janeiro e setembro de 2019, a produção industrial já acumula uma perda de -1,4% em relação a igual período do ano anterior. Ou seja, recuperação mesmo não há”.
“Este quadro é radicalmente oposto àquele que se previa na entrada de 2019. Vale lembrar que as projeções do Boletim Focus/BCB realizadas no início de janeiro deste ano apontavam para uma alta de +3,04% da produção industrial em 2019, o que foi sendo sistematicamente corrigido para baixo. Agora em dezembro, acredita-se que o setor registrará -0,7% até o final do ano”.
RETROCESSO
“A produção física da indústria de transformação não está muito melhor do que a indústria geral. No 3º trim/19, registrou declínio de -0,8% frente ao mesmo período do ano anterior, devido a retrocessos em todas suas faixas por intensidade tecnológica, embora no acumulado de janeiro a setembro, tenha logrado variação positiva, mas de apenas +0,3%”.
O PIB da indústria de transformação – aquela com maior valor agregado – mostra a trajetória descendente: no 3º trim/19, houve declínio de -0,5% frente ao 3º trim/18 e no acumulado de jan-set/19 o resultado também é negativo em -0,2%. A produção física da indústria de transformação cresceu 0,9% na passagem de agosto para setembro. Já nos doze meses encerrados em setembro, a produção da indústria de transformação registrou queda de 0,6%.
“A indústria de alta intensidade tecnológica é aquela que mais acumula retração da produção física em jan-set/19: -1,4%”, afirma na carta. “O único componente a crescer no 3º trim/19 foi o de petróleo refinado, álcool e afins (+1,4%), que vem apresentando oscilação de resultados positivos e negativos. Outros de seus ramos, como minerais não metálicos (-0,8%) e produtos de metal (-0,6%) vinham expandindo produção, mas sucumbiram no 3º trim/19”.
No caso da indústria geral (ramo extrativo mineral e o de transformação), “na comparação entre meses de setembro de 2019 e 2018, a indústria geral cresceu 1,1%, mas insuficiente para conduzir o terceiro trimestre a um resultado positivo, apresentando queda de 1,2%. Nessas duas últimas bases comparativas, a extração mineral sofreu queda de 2,7% e de 4,5%. Tanto no acumulado do ano, quanto em doze meses, a indústria geral diminuiu 1,4%”.
Para o IEDI, existem os fatores externos. Mas no contexto interno de “elevado desemprego, a crescente informalidade do trabalho e a presença de incertezas políticas” é o mais plausível para o diagnóstico. Ou seja, não há mercado nem investimento internos que sustentem a indústria.