O Facebook e o Instagram deletaram, nesta quarta-feira (8), 73 contas, 14 páginas e um grupo ligados a funcionários do gabinete de Jair Bolsonaro, de seus filhos, o senador Flávio Bolsonaro e Carlos Bolsonaro e de dois deputados bolsonaristas por violação da “política contra interferência estrangeira e comportamento inautêntico coordenado”.
No Brasil, foram excluídas 35 contas no Facebook 38 contas no Instagram 14 páginas 1 grupo no Facebook.
As páginas no Facebook eram seguidas por 883.000 e a do Instagram por 917.000. Foram investidos US$ 1.500, pago em reais, em publicidade nas redes sociais.
A empresa também excluiu contas inautênticas no Canadá, no Equador, na Ucrânia e nos Estados Unidos.
A atividade irregular “incluiu a criação de pessoas fictícias fingindo ser repórteres, publicação de conteúdo e gerenciamento de Páginas fingindo ser veículos de notícias. Os conteúdos publicados eram sobre notícias e eventos locais, incluindo política e eleições, memes políticos, críticas à oposição política, organizações de mídia e jornalistas, e mais recentemente sobre a pandemia do coronavírus”, informou o Nathaniel Gleicher, diretor de Cibersegurança do Facebook.
A empresa conseguiu identificar que as contas eram controladas por pessoas ligadas a Bolsonaro. “Ainda que as pessoas por trás dessa atividade tentassem ocultar suas identidades e coordenação, nossa investigação encontrou ligações a pessoas associadas ao Partido Social Liberal (PSL) e a alguns dos funcionários nos gabinetes de Anderson Moraes, Alana Passos, Eduardo Bolsonaro, Flávio Bolsonaro e Jair Bolsonaro”.
“Temos descoberto e agido contra figuras políticas por comportamento inautêntico coordenado, e sabemos que elas continuarão tentando ocultar a origem de sua atividade”, afirma o documento do Facebook.
“Campanhas domésticas como essas são particularmente desafiadoras ao ofuscar a linha entre o debate público saudável e a manipulação. Nossos times continuarão a procurar, remover e revelar campanhas coordenadas de manipulação”.
“Sabemos que se trata de um desafio que vai além da nossa plataforma e nenhuma empresa pode enfrentar sozinha. Por isso, é importante que tenhamos discussões amplas na sociedade sobre quais são os limites aceitáveis no campo do debate político e o que podemos fazer para impedir que as pessoas os ultrapassem”, continua.
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News, que investiga o financiamento e a divulgação de fake news e ataques políticos através das redes sociais, identificou que uma página no Instagram chamada “Bolsofeios” foi criada com um e-mail institucional do gabinete de Eduardo Bolsonaro.
A página foi tirada do ar assim que a notícia veio à público.
O assessor especial de Jair Bolsonaro, Tércio Arnaud Tomaz, foi ligado diretamente com um esquema de contas falsas nas redes sociais banidas pelo Facebook na quarta-feira (8). A conexão foi feita por um levantamento do Laboratório Forense Digital do Atlantic Council em parceria com o Facebook.
Tércio Arnaud é apontado como responsável por parte dos ataques a opositores de Bolsonaro, como ao ex-ministro Sergio Moro na sua saída do governo e a integrantes de outros Poderes, e por difundir desinformação em temas como a Covid-19.
Além de Tércio, cinco ex e atuais assessores de legisladores bolsonaristas, entre eles um funcionário do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), foram identificados como conectados à operação de desinformação no Facebook e no Instagram.
Ainda de acordo com o levatamento, muitos dos posts eles realizaram no horário de expediente.
Os acusados usavam contas duplicadas e falsas para escapar de punições, criavam personagens fictícios fingindo ser repórteres, e administravam páginas simulando ser veículos de mídia.
Usavam também perfis falsos que postavam em grupos não relacionados a política, como se fossem pessoas comuns criticando opositores de Bolsonaro e promovendo o presidente.